Há quase 45 anos à frente da editora L&PM, Ivan Pinheiro Machado realiza um antigo sonho hoje, com a abertura oficial da PocketStore Livraria. O projeto propriamente dito tem cerca de um ano, mas o editor, e agora também livreiro, aguardava o ponto perfeito. Encontrou-o no número 1.167 da Rua Félix da Cunha, uma das calçadas mais charmosas de Porto Alegre, repleta de pequenos estabelecimentos, em frente ao Shopping Moinhos.
A PocketStore não é a "livraria da L&PM", mas um projeto pessoal de Ivan e de seu sócio Paulo de Almeida Lima (o L e o PM do nome da editora). Com 70 metros quadrados, foi pensada como uma livraria de bairro, com foco no "bom livro", segundo Ivan. Para a constituição do estoque, convidou o irmão, José Antonio Pinheiro Machado (o Anonymus Gourmet), e o professor de literatura Luís Augusto Fischer para colaborarem na curadoria. Há muita literatura, mas também títulos de não ficção, de diferentes editoras. O catálogo da L&PM ganhou uma parede só dele, com prateleiras iluminadas em LED.
O empreendimento funciona desde segunda-feira em soft opening, mas nesta quinta (28) sediará o primeiro evento, o lançamento do novo livro de Eduardo Bueno. Ivan acredita que uma editora deve ser "cosmopolita", mas uma livraria, "provinciana". Recorda o tempo em que a Capital era bem servida por duas redes locais: a Livraria do Globo e a Sulina. Pensando na missão de prestigiar a cultura do Estado, a PocketStore tem, logo na entrada, uma seção dedicada exclusivamente a autores sul-rio-grandenses, dos clássicos aos novos.
– Quando digo que a livraria deve ser provinciana, não é que os títulos sejam provincianos. É que deve pensar em seu mundo, ter autores gaúchos sem possibilidade de exposição e também os conhecidos. Sergio Faraco é um dos maiores escritores brasileiros, mas é difícil encontrar seus livros (nas lojas das grandes livrarias). Aqui tem.
A experiência do livro físico
Ivan quer confrontar o que os francófonos chamam de idée reçue, ou seja, uma ideia amplamente aceita como verdadeira, mas que não necessariamente foi examinada. Uma delas é que os leitores estariam deixando de frequentar livrarias físicas para comprar pela internet. Ivan acredita que a experiência de descobrir títulos pessoalmente e folheá-los é insubstituível. Outra idée reçue é que uma livraria precisaria apostar em best-sellers. A PocketStore os têm, mas estão bem balanceados no mix.
– Nossa vida é uma pesquisa de mercado constante. Edito um livro e vejo, na lata, se vendeu ou não – diz Ivan, que espera "depurar" um modelo para a livraria nos primeiros quatro ou cinco meses, eventualmente ajustando os espaços para cada seção.
A crise que afetou o mercado livreiro no país com os pedidos de recuperação judicial da Livraria Cultura e da Saraiva pode parecer um timing temerário, mas Ivan avalia que a crise é das megastores e que as pequenas e médias livrarias se fortaleceram, citando outros exemplos na Capital. Admite até a possibilidade de crescimento:
– Penso em fazer um modelo de livraria que, em um futuro próximo, possamos expandir para outros lugares, em Porto Alegre e em outras cidades, principalmente São Paulo, onde temos uma boa entrada. Mas sempre desse tamanho, com 70 metros quadrados, nunca maior do que isso. Para ter uma personalidade, uma cara.
POCKETSTORE LIVRARIA
De segunda a sábado, das 10h30min às 19h30min, na Rua Félix da Cunha, 1.167, em Porto Alegre. Fone: (51) 3519-6970. E-mail: pocketstore.poa@gmail.com.