A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O uso de semente pirata de soja no Rio Grande do Sul é quase três vezes maior do que no resto do país. Esse foi um dos dados identificados em levantamento encomendado pela CropLife Brasil e realizado pela consultoria Céleres. O estudo, que considerou os últimos 20 anos e dimensionou o problema em todo o Brasil (veja o mapa acima), foi divulgado nesta quarta-feira (2).
De acordo com Catharina Pires, diretora de Biotecnologia e Germoplasma da CropLife Brasil, a pirataria de sementes, que são insumos comercializados no mercado informal, sem garantia de qualidade ou certificação, gera perdas diretas de produtividade nas lavouras. Esse, na avaliação da diretora, é o principal problema com a adoção do insumo — que, vale lembrar, é ilegal.
— A semente pirata não tem a mesma qualidade de uma semente certificada. Impacta na qualidade do grão, na produtividade da lavoura e traz prejuízo para toda a cadeia produtiva — elenca Catharina.
Só para o Estado, ainda conforme o levantamento, a pirataria gera perdas anuais de R$ 1,1 bilhões para agricultores, indústria de sementes, setor de processamento de grãos e exportações.
O protagonismo do RS
Para a diretora de Biotecnologia e Germoplasma da CropLife Brasil, o Estado tem protagonismo na pirataria de sementes por fatores como "questões culturais":
— O agricultor gaúcho, tradicionalmente, salva sementes de uma safra para outra (o que é permitido). Isso, de alguma forma, criou condições para que a pirataria (ilegal) também acontecesse.
Outro fator, continua Catharina, é a particularidade climática gaúcha:
— O clima no Rio Grande do Sul propicia o tratamento e o armazenamento de sementes. É diferente do Tocantins, por exemplo, onde é muito úmido e quente.



