A prefeitura de Porto Alegre autorizou, nesta terça-feira (25), que a 64ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre ocorra em seu tradicional espaço público, a Praça da Alfândega, sem custos para Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), organizadora do evento. A assinatura do termo põe fim a um mal-estar criado pela gestão de Nelson Marchezan junto ao setor cultural da cidade, em junho, quando os organizadores receberam da prefeitura um boleto cobrando antecipadamente R$ 179,8 mil pelo uso da praça.
Para viabilizar a isenção de cobrança de uso do espaço, o evento foi enquadrado, pela prefeitura, como um "bem cultural de natureza imaterial". Além disso, os custos relativos aos serviços de tecnologia da informação (TI) – feitos pela Procempa – e de limpeza urbana do DMLU foram permutados com a CRL. Os organizadores compensarão o custo de R$ 17,8 mil da Procempa com a entrega de livros para escolas municipais e bibliotecas, a partir do valor de capa das obras. O valor de R$ 22,1 mil da limpeza urbana será convertido em estandes para a prefeitura no evento.
A edição de 2018 da Feira do Livro, que ocorrerá de 1º a 18 de novembro, terá o tema "Livro Livre, o Mundo na Praça". A transformação da praça, com a montagem da cobertura e das bancas de livros, começa em 12 de outubro.
— Vamos tratar da praça como um centro de conhecimento, de difusão da cultura, um lugar de encontro. Que bom que o povo sempre se encontrasse na praça — comentou o presidente da Câmara, Isatir Bottin Filho.
A expectativa dos organizadores é de que a 64ª edição tenha tamanho semelhante à do ano passado, abrigando entre 107 e 109 expositores.
— Temos alguns destaques. Vai estar presente novamente o Ziraldo. Também a Monja Coen, a escritora ruandesa naturalizada francesa Scholastique Mukasonga, a presença dos gaúchos todos, como Martha Medeiros, o australiano Stephen Michael King, grande ilustrador — detalhou Bottin.
Até esta quarta-feira (25), a Câmara Rio-Grandense deve divulgar o nome dos cinco candidatos que disputarão o título de Patrono da Feira do Livro. Na primeira quinzena de outubro, a Câmara revelará o sucessor da atual patrona, Valesca de Assis.
De R$ 179 mil para R$ 368
Com as isenções pelo uso do espaço e as permutas pelos serviços, restará à Câmara Rio-Grandense do Livro o pagamento de uma taxa de R$ 368. O valor é referente, de acordo com o Escritório de Eventos da Capital, à autorização para "comercialização de produtos e serviços na Feira". Por se tratar de um valor bem menor, a Câmara do Livro considera que a edição de 2018 ocorrerá "sem custos", como nos anos anteriores.
De acordo com o diretor do Escritório de Eventos, Antonio Gornatti, o que ocorreu em junho, quando houve a emissão do boleto de R$ 179 mil, “foi uma fragilidade do processo”, decorrente do uso de “instrumento errado para orçar o evento”.
Gornatti também garantiu que a prefeitura já iniciou o restauro das pedras portuguesas que compõem os caminhos da Praça da Alfândega. Ainda é prometida a capina, a poda e a desratização da sede pública da Feira do Livro.