Depois desse quiproquó da Feira do Livro, com a prefeitura emitindo um boleto de R$ 180 mil para a organização do evento, o órgão responsável por emitir esse tipo de licença decidiu alterar o próprio sistema.
– Estamos revisando o processo. Não era adequada, de fato, a forma como vínhamos fazendo – reconhece o coordenador do Escritório de Eventos de Porto Alegre, Antônio Gornatti.
Ele garante que a intenção da prefeitura nunca foi cobrar essa babilônia da feira: deve ficar na faixa dos R$ 5 mil a taxa que a Câmara do Livro, organizadora do evento, pagará ao município. Nada muito diferente do que sempre pagou. Segundo Gornatti, a confusão ocorreu no Sistema Eletrônico de Informações, uma ferramenta que dispara e-mails para todos os envolvidos sempre que ocorre uma nova movimentação no processo.
No caso dos R$ 180 mil, o Escritório de Eventos estava apenas reunindo, conforme Gornatti, as primeiras informações para um primeiro orçamento. Tratava-se de um valor que ele chama de "cru":
– Estavam incluídos 67 dias de evento, embora a Feira do Livro só dure 18. Tem outros 25 para montar e mais 25 para desmontar. Também estavam considerados 621 metros quadrados, que será a área total ocupada pela feira, mas, no final, a gente não cobra pela área total, e sim pela área que cada barraquinha ocupa, o que é bem mais barato.
Só que esse primeiro orçamento, no sistema do Escritório de Eventos, é sempre enviado para todos na forma de um boleto – com logotipo da prefeitura, código de barras e data para pagamento. O presidente da Câmara do Livro, Isatir Bottin Filho, quando acessou o sistema para conferir o processo, se apavorou.
– Já licenciamos eventos, aqui no escritório, que chegaram a gerar 15 ou 20 boletos. Porque, conforme o orçamento tramitava pelos setores da prefeitura, passando por diversas revisões de valores, um novo documento era emitido – conta Antônio Gornatti.
Desde esta sexta-feira (8), depois da confusão com a Feira do Livro, não se usa mais boleto para apresentar orçamento: agora é uma planilha. Boleto, a partir daqui, só lá no final, quando for para pagar de verdade.