Depois da polêmica divulgação do boleto de R$ 179.849,60 enviado à Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL) pelo uso da Praça da Alfândega para a Feira do Livro, o prefeito Nelson Marchezan confirmou a cobrança — mas garantiu que o valor será menor.
Em entrevista ao programa Timeline, Marchezan disse que houve um erro: o boleto mandado não seria o definitivo, mas "apenas um dentre várias que compõem o valor final de gastos".
— Alguma coisa vai ser cobrada da Câmara do Livro, como é cobrado todos os anos, mas óbvio que não vai ser esse valor.
O prefeito explicou que a situação estava "no meio do processo" de aprovação efetuado pelo Escritório de Eventos — estrutura criada no ano passado para centralizar o uso de espaços da cidade. Segundo Marchezan, antes quem propunha um evento fazia o pedido em diferentes secretarias, e acontecia de eventualmente uma não saber da decisão de outra.
— Cerca de 1,2 mil eventos ocorreram neste formato. O pedido é feito em formulários-padrão e distribuído para todas as secretarias envolvidas. Os proponentes são chamados para reuniões em que discutimos o que vai ser usado, como banheiros químicos, coleta de lixo, se há interesse cultural ou não, se vai gerar muitos recursos financeiros ou não. Neste caso da Feira do Livro, estávamos no meio do processo — afirmou.
Ouça a entrevista com Marchezan na íntegra
Segundo a prefeitura, na Feira do Livro do ano passado foram cobrados cerca de R$ 5 mil referentes à Taxa de Coleta de Lixo, valor que foi reduzido após negociações. Na quinta-feira (7), a CRL disse nunca ter pago taxas. Contatado, o ex-prefeito José Fortunati disse que nunca houve cobrança em sua gestão.
— Nunca foi cobrado aluguel do espaço, ao contrário: a prefeitura sempre foi parceira da Feira do Livro. Em alguns anos, até colocamos recurso como patrocinador, mas em todas elas, enquanto fui prefeito, sem exceção, havia vários serviços que eram colocados à disposição, como limpeza da praça, coleta do lixo, EPTC, Dmae, para garantia da água, etc. Tudo isso de forma absolutamente gratuita. Obviamente nunca cobramos. Ao contrário, sempre colocamos recursos — garantiu.
Marchezan sustenta que o boleto enviado à CRL não deveria ter sido divulgado. Segundo ele, existe um decreto para regular a ocupação do espaço público, que deve ser cumprido.
— A ocupação do espaço público tem que ser regulada. Quase todos os 1,2 mil eventos tiveram alguma taxa. No caso da Feira do Livro, o processo está no meio, é normal, e vai transcorrer tudo normalmente.