A Livraria Cultura anunciou nesta terça-feira (26) a compra da plataforma online Estante Virtual, a mais conhecida rede de "sebo virtuais" da internet. A plataforma, que se denomina um "marketplace" de livros, não é exatamente uma livraria, mas um portal em que sebos e vendedores cadastrados oferecem seus livros à venda.
"As práticas da Estante convergem com os valores da Cultura, uma empresa que começou justamente alugando livros novos e usados, como quis minha avó, Eva Herz", disse, em um comunicado oficial, Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura e da Fnac Brasil. O valor da compra da Estante Virtual não foi divulgado.
A Estante Virtual entrou no mercado a partir de 2005, criada pelo empresário André Garcia, e afirma ter um cadastro de 4 milhões de clientes, além de já ter vendido 17,5 milhões de livros vendidos. A plataforma cresceu tanto que passou a receber críticas a partir de 2012 de vários livreiros insatisfeitos com os critérios de transparência e das taxas cobradas dos negociantes. Em 2014, de uma única vez, 150 livreiros retiraram seus acervos da plataforma em protesto, levando a renegociações com a empresa.
A compra da Estante Virtual vem na esteira de outros movimentos de ampliação da presença da Livraria Cultura no meio digital. A empresa passou a cuidar recentemente da operação de e-commerce da CNOVA, rede que reúne Casas Bahia, Ponto Frio e Extra. As três lojas sempre venderam livros voltados ao mercado leitor popular, como reflexões devocionais de líderes religiosos, compilações de dicas de saúde e obras de autoajuda.
A Livraria Cultura neste ano também comprou a operação brasileira da Fnac, multinacional francesa com 12 lojas em sete Estados. A rede brasileira, por sua vez, tem 18 livrarias no país. A notícia do negócio com a Fnac surpreendeu o mercado na época em razão da situação financeira delicada da Cultura, a terceira no segmento livreiro no país. O movimento da Cultura, entretanto, se alinha com uma tendência recente verificada nas grandes redes de livrarias, a de investir em diversificação de produtos e em plataformas de comércio virtual para driblar a retração do setor em ano de crise econômica.
A Cultura também não informou se pretende fazer algum tipo de mudança tecnológica ou de processos nas vendas de livros ou se vai alterar algo no processo de venda e cadastramento.