Kazuo Ishiguro foi anunciado nesta quinta-feira (5) como o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2017. O evento de premiação ocorreu em Estocolmo, na Suécia. No ano passado, o vencedor foi Bob Dylan.
Ishiguro nasceu em Nagasaki, no Japão - cidade devastada pela bomba atômica em 1945 -, e se mudou para a Inglaterra aos cinco anos, sem retornar a seu país de origem até a idade adulta. Sua obra reflete a dupla cultura, combinando um lado zen com a fleuma britânic. Autor discreto que sonhava em ser cantor de música pop, Ishiguro se tornou um dos grandes escritores de sua geração.
Entre seus livros, estão Os Vestígios do Dia (1989) e Não Me Abandone Jamais (2005), que foram adaptados para o cinema. Seu título mais recente é O Gigante Enterrado, de 2015. No Brasil, sua obra é editada pela Companhia das Letras, que já lançou também Noturnos (2010) e Quando Éramos Órfãos (2000). Seus dois primeiros romances, Uma Pálida Visão dos Montes (1982) e Um Artista do Mundo Flutuante (1986), se passam em Nagasaki, poucos anos depois da Segunda Guerra Mundial.
Em uma entrevista em 1989 para a revista Bomb Magazine, o escritor afirmou: "Me sinto atraído pelos períodos do pré-guerra e do pós-guerra, porque me interessa como os valores e os ideais são submetidos a uma prova". Suas obras recentes contêm muitos elementos de fantasia. Aclamado pela crítica, seu livro distópico Não me Abandone Jamais foi considerado o melhor romance de 2005 pela revista Time. Com a publicação, ele introduziu um "frio pano de fundo" de ficção científica em sua obra, segundo o júri do Nobel.
– Se você misturar Jane Austen e Franz Kafka, e adicionar um pouco de Marcel Proust, e aí misturar um pouco, mas não muito, pode-se ter uma ideia do trabalho de Ishiguro – disse a secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, logo após a divulgação. – Ele desenvolveu um universo estético muito próprio.
Questionada sobre a obra pouco numerosa de Ishiguro (são sete romances desde 1982), Danius disse que a Academia recompensa um corpo de trabalho, "mas esse conceito pode significar muitas coisas":
– Ele é muito interessado em entender o passado, não para redimi-lo, mas para explorar o que deve ser esquecido, para sobreviver, em primeiro lugar, como indivíduo ou sociedade – concluiu a secretária.
O nome de Ishiguro não estava entre os favoritos. Até quarta-feira (4), o japonês Haruki Murakami e o queniano Ngugi wa Thiong'o lideravam as apostas, seguidos pela canadense Margaret Atwood, que ganhou ainda mais força depois que seu livro O Conto da Aia foi adaptado com grande sucesso para a TV. O israelense Amós Oz também estava entre os cotados.
Ishiguro afirmou que é uma "honra magnífica" seguir os passos dos maiores escritores da literatura mundial.
Confira a lista dos 15 últimos vencedores do Prêmio Nobel de Literatura:
2017: Kazuo Ishiguro (Reino Unido)
2016: Bob Dylan (Estados Unidos)
2015: Svetlana Alexievich (Belarus)
2014: Patrick Modiano (França)
2013: Alice Munro (Canadá)
2012: Mo Yan (China)
2011: Tomas Tranströmer (Suécia)
2010: Mario Vargas Llosa (Peru)
2009: Herta Müller (Alemanha)
2008: Jean-Marie Gustave Le Clezio (França)
2007: Doris Lessing (Reino Unido)
2006: Orhan Pamuk (Turquia)
2005: Harold Pinter (Reino Unido)
2004: Elfriede Jelinek (Áustria)
2003: J.M. Coetzee (África do Sul)