O professor Luís Augusto Fischer e a jornalista Patrícia Lima lançam no dia 2 de dezembro, às 17h, no Santander Cultural, o livro Inquéritos em contraste, volume de crônicas inéditas de Simões Lopes Neto (1865 – 1916). Conhecido por suas obras ligadas ao mundo rural, o autor de Contos gauchescos (1912) e Lendas do sul (1913) também foi jornalista, abordando temas urbanos em textos pela imprensa de Pelotas. O novo livro resgata alguns desses trabalhos em que Simões Lopes adota perfil de repórter.
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Com a proposta de promover escritores afro-brasileiros, uma nova editora está ganhando o mercado nacional. A carioca Malê nasceu como uma iniciativa do bibliotecário Vagner Amaro, que sempre sentiu dificuldade em adquirir livros de autores negros contemporâneos para os acervos em que trabalhava. Fundada em julho, a Malê já lançou sete títulos. Neste mês, chegam também às livrarias Esboços de um tempo presente, reunião de ensaios de Rosane Borges, e O tapete voador, volume de contos de Cristiane Sobral.
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A literatura negra é também tema de curso que se inicia nesta sexta, na Ong Cirandar (Andradas, 1780). Com aulas às sextas, das 14h às 18h, até 9 de dezembro, o curso Literaturas Africanas de Língua Portuguesa em Perspectiva é ministrado pelo professor Demétrio Paz. Confira outras informações em bit.ly/africacirandar.
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O obra de Ariano Suassuna (1927 – 2014) está de casa nova. Com a morte do escritor e a saída de sua editora, Maria Amélia Melo, da José Olympio, a obra do paraibano foi colocada em leilão. A Nova Fronteira adquiriu os direitos, e começará a editar o escritor em grande estilo: em maio de 2017, levará às livrarias Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores, narrativa longa inédita, escrita e reescrita várias vezes desde os anos 1980. Na mesma data, uma nova edição de A pedra do reino também será lançada.
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O prêmio literário Oceanos, antigo Portugal Telecom, já tem seus finalistas. Estão no páreo A resistência, romance de Julián Fuks, vencedor do Jabuti; Ainda estou aqui, relato de Marcelo Rubens Paiva; Escuta, reunião de poemas de Eucanaã Ferraz; Galveias, romance de José Luís Peixoto; Jeito de matar lagartas, volume de contos de Antonio Carlos Viana; Manual de flutuação para amadores, com poemas de Marcos Siscar; Maracanazo e outras histórias, volume de contos de Arthur Dapieve; O livro das semelhanças, reunião de poemas de Ana Martins Marques; Sermões, reunião de poemas de Nuno Ramos; e Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, romance de Gonçalo M. Tavares. Os vencedores serão revelados no dia 6 de dezembro, em São Paulo, com distribuição de R$ 230 mil em prêmios.
LANÇAMENTOS
São Paulo noir
Edição de Tony Bellotto
Coletânea de contos policiais ambientados em São Paulo, organizada por um dos mais bem-sucedidos autores policiais do Brasil, Tony Bellotto. São histórias de crimes e dramas urbanos na maior cidade do Brasil, incluindo contos de Mario Prata, Marcelino Freire, Vanessa Barbara, Marçal Aquino, Jô Soares, Ferréz e Fernando Bonassi, entre outros nomes da literatura brasileira contemporânea. É o segundo volume da mesma coleção editada por Bellotto – o primeiro, lançado no fim de 2014, era dedicado ao Rio de Janeiro. O modelo da coletânea é uma coleção semelhante a realizada nos Estados Unidos pela editora independente Akashic Books, com volumes ambientados cada um em uma cidade dos Estados Unidos – e que já teve um livro lançado no Brasil pela mesma editora, USA Noir, também publicado em 2014. Contos policiais, Casa da Palavra, 212 páginas, R$ 44,90
Vozes guardadas
de Elisa Lucinda
Coletânea que reúne dois livros de poemas escritos pela atriz, cantora e poeta entre 2005 e 2016. No primeiro, intitulado Jardim das cartas, os poemas são reunidos em 10 seções que aludem a cartas e mensagens escritas, embora esse mote seja apenas um tênue fio a partir do qual os poemas se alçam a temáticas mais amplas: bilhetes de amor, memórias, cantos dedicados a outros artistas. Na segunda parte, O livro do desejo, Elisa canta o amor como ideia, o desejo como episódio e faz uma poesia mais voltada à evocação de sua trajetória, desde a infância no Espírito Santo, em que cresceu em contato com o mar e a terra, até episódios de amor e separação. Com um trabalho em que a oralidade de um poema para ser declamado é o norte, os versos de Elisa Lucinda são diretos e sua produção se volta mais à descrição lírica e passional do que à linguagem. Poesia, Record, 518 páginas, R$ 49,90
Dentro de mim ninguém entra
De José Castello
Misto de ficção e livro de arte no qual o jornalista e crítico José Castello cria uma narrativa livremente inspirada na vida do artista Arthur Bispo do Rosário (1909 – 1989). Diagnosticado como esquizofrênico e autoproclamado um enviado de Deus para julgar os vivos e os mortos e salvar as almas dignas, Rosário passou mais de meio século internado em instituições psiquiátricas, onde produziu objetos artísticos hoje admirados por público e crítica. Castelo se aproxima do personagem dando uma voz em primeira pessoa aos devaneios de Arthur, interno preso em uma cama de hospital que passa a contar a si próprio a história de sua vida e de sua missão. Ao final do volume, Castello também inclui um ensaio biográfico sobre o personagem Bispo do Rosário. O livro é ilustrado com fotos de Andrés Otero. Romance, Berlendis & Vertecchia, 160 páginas, R$ 68
Meshugá
De Jacques Fux
Jacques Fux venceu o Prêmio São Paulo de Literatura em 2013 com seu Antiterapias. Agora, une as facetas de acadêmico e de romancista neste volume que pode ser chamado de uma história muito particular da loucura. É um romance estruturado como uma colagem de pequenas novelas com capítulos ensaísticos sobre a loucura através da história. O ponto comum a ligar o livro é uma indagação sobre o papel que a loucura tem na cultura e na história dos judeus – Fux constrói um minucioso inventário de situações em que seus personagens (muitos deles reais) estão à mercê da loucura (a meshuggah do título) ou são considerados insanos pelo olhar de outros que os enxergam sem profundidade. Mesclando humor e autoironia, Fux faz de si mesmo personagem, bem como Freud, Woody Allen, Samuel Rawet e até Ron Jeremy. Romance, José Olympio, 196 páginas, R$ 32,90