O Teatro de Câmara Túlio Piva está aberto novamente. Mas, por enquanto, não para as artes cênicas. Depois de uma reunião entre a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC) e representantes da classe artística, na última segunda-feira (18), um ajuste para incluir nove datas, em abril, voltadas para apresentações teatrais, circenses e de dança foi acordado. Porém, a solicitação foi barrada pela Procuradoria Geral do Município.
Luciano Fernandes, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado do Rio Grande do Sul (Sated-RS), que lidera o movimento pela inclusão das artes cênicas no espaço, alegou que, tão logo a SMCEC firmou o acordo para a cessão das datas, houve uma comoção para a criação de um edital público para estes espetáculos. O documento foi elaborado de maneira emergencial e enviado para aprovação da Secretaria no dia seguinte, na terça-feira (19). O retorno foi uma negativa, sem justificativa, nessa quarta-feira (20).
Tal resposta gerou indignação na classe artística que, agora, está organizando um protesto em frente ao Túlio Piva, a partir das 16h30min, nesta sexta-feira (22). Os presentes pretendem se manifestar sobre o "absurdo", como a categoria classifica, de serem barrados de se apresentarem no espaço neste primeiro semestre.
— Na última segunda-feira, falaram: "As datas são de vocês. O Sated-RS resolve tudo e escolhe os grupos. A gente cuida da produção". Prometeram, então, algo que não era possível nessa reunião. Isso desarmou o Sindicato, porque a gente já estava preparado para fazer uma manifestação na inauguração do Teatro de Câmara e, agora, a gente está nessa situação, sem datas para o teatro neste primeiro semestre de forma pública, como teve a música — explica Fernandes.
"Desmerecimento com todo o histórico"
Segundo o presidente do Sated-RS, o segundo semestre está muito longe e, mais do que isso, não há nada definido. O representante da classe revelou que uma reunião ainda vai ocorrer para definir como será a distribuição de datas — o que considera "muito vago". Esta barreira para acessar o espaço, de acordo com Fernandes, não condiz com o histórico do local, uma vez que, desde a sua abertura, em 1970, mais de 200 espetáculos ocorreram por lá.
— Na frente do teatro, desenharam um violão em volta do logotipo. Então, está muito caracterizado que o local vai ser usado só para música. E isso é um desmerecimento com todo o histórico e legado desse espaço — detalha o presidente do Sated-RS, que acredita que a proposta não foi aceita pela questão de ser um edital público.
O teatro ficou interditado por uma década por conta de problemas estruturais. As obras de recuperação tiveram início em 2020, sendo realizadas pela Opinião Produtora, como parte do contrato de concessão do Auditório Araújo Vianna. A empresa privada irá administrar as duas casas até junho de 2031. Desta forma, 50% das datas do Túlio Piva estarão sob responsabilidade da SMCEC, que lançou o seu primeiro edital voltado apenas para eventos musicais.
A reportagem solicitou contato com o secretário de Cultura e Economia Criativa, Henry Ventura, mas ele não pôde atender. A SMCEC, então, emitiu uma nota destacando que esta questão ainda está sendo discutida e confirmou que a proposta enviada pelo Sated-RS não foi aprovada pela Procuradoria Geral do Município, mas não explicou sobre o motivo. Também apontou que ainda há prazo para o atendimento do compromisso firmado pela Secretaria.
Leia a nota na íntegra:
A solicitação sobre as apresentações de espetáculos de artes cênicas no Teatro Túlio Piva ainda segue sendo discutida pela Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa. O assunto não foi definido ainda. Acontece que a proposta enviada pelo Sindicato não teve aprovação pela Procuradoria Geral do Município. Está sendo estudada uma alternativa jurídica para as apresentações no primeiro semestre. Ainda há prazo para o atendimento deste compromisso por parte da SMCEC.