Mais do que recuperar momentos traumáticos, Maitê Proença quer falar sobre o ser humano e sua missão de vida em O Pior de Mim. O espetáculo teatral, concebido durante a pandemia e lançado em setembro do ano passado, ganha uma edição presencial nesta quinta-feira (25) em Porto Alegre, em única apresentação, às 20h, no Centro Histórico-Cultural Santa Casa (Av. Independência, 75). Os ingressos custam R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada) e estão à venda pela plataforma Sympla.
Sob direção de Rodrigo Portella, Maitê fala de dores, tropeços e opiniões diversas sobre o cotidiano na peça autobiográfica. Em apenas 20 dias, no segundo semestre de 2020, a atriz costurou sua trajetória a partir de um rascunho de 150 páginas que estava guardado na gaveta, ainda pensando sobre qual seria seu destino final. A convite do projeto Teatro Já, um dos pioneiros no Brasil em transmitir online espetáculos cênicos com atores renomados, Maitê ensaiou o texto em apenas três meses, de forma remota.
Agora adaptado à versão com público, O Pior de Mim toca em questões que refletem sobre a complexidade humana. Muitas vezes, somos capazes de transformar um pequeno mosquito em um monstro, segundo Portella.
— Todos temos nossos monstros e eles nunca vão embora, mas se olhar para eles de frente, a barra vai ficando menos pesada. A gente vai se depurando por dentro, e conseguindo deixar de olhar para o umbigo para olhar para fora, onde há um mundo de coisas mais interessantes — completa Maitê, em entrevista por e-mail a GZH.
Com 63 anos, Maitê se destacou em diferentes novelas da Globo e é lembrada por sua história pessoal. A mãe foi assassinada pelo pai a facadas quando tinha 12 anos e, 19 anos após o crime, ele cometeu suicídio. O irmão dela também tirou a própria vida. Apesar desses fatos pesados, Maitê garante que a peça "é para cima". A intenção é que o espectador realmente pense, junto da atriz, sobre os mais diferentes momentos de sua vida com um viés mais positivo.
A proposta deu certo, na avaliação de Portella. Segundo o diretor, os dois se preocuparam em fugir de um drama pesado, há cenas delicadas e cômicas.
— Não queremos passar a imagem de Maitê como diva, uma celebridade, e sim uma pessoa comum, que tem pai, mãe, filha, e sente angústias como qualquer um de nós. Essa multiplicação das imagens da Maitê acabam mostrando essa mulher de diferentes ângulos — garante Portella.
Posicionamento
Mais do que uma narração de sua vida, O Pior de Mim é falar sobre temas atuais. Ao perceber que as pessoas estavam esgotadas da "vida feliz" do Instagram e dos realities durante a pandemia, Maitê mostra as vulnerabilidades humanas. Utilizar a própria história é o método que lhe dá autoridade em cena.
Na visão de Portella, toda a história de Maitê é muita intensa porque ela é "muito inteira" em tudo o que faz. Ele exemplifica a atuação dela como Clotilde em O Salvador da Pátria, como a namorada de Sassá Mutema (Lima Duarte), exibida pela Globo em 1989.
— Naquela época, ela ainda era jovem, com uma personagem ingênua, mas que tinha muita presença. Até hoje, Maitê tem esse temperamento, ela sabe dizer do que gosta ou não, mas sabe escutar o outro — reflete o diretor.
Desta forma, o espetáculo cênico é um projeto que valida aquilo que o espectador sente ao assistir qualquer trabalho de Maitê — sempre com muita intensidade em cena. E, principalmente, o que ela se propõe a fazer daqui para frente.
— Vou seguir fazendo o que possa contribuir, que seja novo, exuberante, diverso, inusitado, tocante, arrebatador. Isso ou nada — promete a atriz.
O Pior de Mim
- Quinta-feira, às 20h
- Centro Histórico-Cultural Santa Casa - Av. Independência, 75
- Ingressos: R$ 120 (inteira); R$ 60 (meia-entrada)
- Vendas pelo Sympla
- Mais informações no site da Santa Casa