Amante de bichos, a diretora Inês Marocco é fascinada pelo assunto há tempos, mas foi o contato com a etologia, ciência que estuda o comportamento dos animais, que aprofundou seu entendimento sobre a animalidade presente nos rituais humanos. Ao mesmo tempo, constata que os humanos sentem vergonha dessa relação.
Esse é o debate que o Grupo Cerco aborda em sua nova peça, Arena Selvagem, que estreia nesta sexta-feira (13) no Teatro de Arena de Porto Alegre (Av. Borges de Medeiros, 835, na escadaria). A temporada será às sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h, até 5 de agosto, com entrada franca (distribuição de senhas uma hora antes). Haverá sessões com Libras e audiodescrição nos dias 3 e 4 de agosto.
Por meio de uma colagem de textos de autores como Carlos Carvalho, Kafka e Carlos Drummond de Andrade, o espetáculo apresenta uma série de situações, sem constituir uma única história. O elenco veste máscaras que simulam carcaças de animais, solução que reforça uma característica do Grupo Cerco: alcançar o máximo de efeito com o mínimo de recursos, em um trabalho que aposta nos atores.
– Acredito que o ator, com seu corpo, pode fazer mágica em cena – defende Inês. – Quanto menos cenário e acessórios, melhor, pois o ator é fundamental.
A produção marca os 10 anos do grupo criado por ela com alunos, hoje formados. Destacam-se, nessa trajetória, dois espetáculos baseados na obra de Erico Verissimo – O Sobrado (2008) e Incidente em Antares (2012) –, além do infantil Puli-Pulá (2015). A estreia celebra também os 50 anos do Teatro de Arena, completados em 2017, tanto que o processo de criação se debruçou, entre outros materiais, sobre uma peça do acervo do teatro: Pequena História do Homem para Principiantes (1978), de Carlos Carvalho e Guaraci Fraga.
Dentro das comemorações de 10 anos, o Espaço Cerco Cultural deve ser inaugurado neste segundo semestre no IAB-RS, no Centro, abrigando ensaios, oficinas e eventos. Para novembro, o Grupo Cerco projeta uma mostra com os quatro espetáculos do repertório.