Em 1981, quando a disputada Escola Nacional de Circo foi fundada em Montreal, o Canadá não dispunha de nenhuma grande companhia de circo contemporâneo. Mas, nos anos seguintes, a província do Quebec tornou-se uma verdadeira usina de performers de alto padrão nesse gênero que combina técnicas circenses com outras linguagens artísticas.
Em um pequeno município perto da cidade do Quebec, surgiu em 1984 o Cirque du Soleil. Nove anos depois, em Montreal, foi a vez do Cirque Éloize, menos conhecido no Brasil do que o Soleil, mas não menos deslumbrante.
Com espetáculos criados especialmente para o palco, às vezes adaptados para a grande lona, o Éloize vem pela primeira vez a Porto Alegre em sessão única nesta sexta (29) no Teatro do Bourbon Country. Estreado em 2012, Cirkopolis ambienta seus personagens-acrobatas em uma cidade cinzenta onde impera a melancolia das engrenagens industriais.
Tropa de elite
- Cirkopolis conta com um elenco de 12 artistas e foi idealizado por uma equipe de 15 criadores
- Fundado em Montreal em 1993, o Cirque Éloize já realizou mais de 4 mil apresentações em cerca de 500 cidades em mais de 50 países
- Os espetáculos já foram vistos por mais de 3,5 milhões de espectadores
- Atualmente, a companhia tem três de seus 11 espetáculos em turnê pelo mundo: iD (2009), Cirkopolis (2012) e Saloon (2016).
Valendo-se de circo, teatro, dança, música e projeções em vídeo, esses artistas decidem, literalmente, colorir a estranha metrópole com sua poesia e sensibilidade. Com uma hora e meia de duração, Cirkopolis tem a assinatura do diretor artístico da companhia, Jeannot Painchaud, que dirige o trabalho em parceria com o coreógrafo Dave St-Pierre, contando com trilha sonora original de Stefan Boucher.
Não seria equivocado dizer que os personagens interpretados pelos 12 artistas desta superprodução vivem em um universo kafkiano. A obra do escritor checo Franz Kafka (1883 – 1924), com seus homens comuns vitimados pela insensatez burocrática, foi uma das inspirações para os criadores, que também beberam em duas fontes cinematográficas: o clássico Metrópolis (1927), de Fritz Lang, que retrata um futuro no qual os trabalhadores são oprimidos pela lógica industrial, e Brazil – O Filme (1985), de Terry Gilliam, que imagina um cenário distópico de uma bizarra ordem social.
Espetáculo aborda busca pela identidade
Em entrevista concedida por telefone a Zero Hora (leia a conversa na íntegra aqui), o diretor Jeannot Painchaud explica que Cirkopolis não opõe as lógicas da sociedade e do indivíduo, como se fossem excludentes, mas trata da busca pela identidade:
– Acredito fortemente que, para ser parte da sociedade, você tem que encontrar a si mesmo antes, conhecer quem você é. Não há outra escolha a não ser começar por aí: descobrir sua personalidade, sua motivação.
Painchaud explica que para integrar uma companhia de elite, como o Cirque Éloize, não basta dominar as técnicas circenses. É preciso talento para interpretação, o que exige habilidades relacionadas ao teatro e à dança.
– Não procuramos apenas os melhores malabaristas do mundo, mas malabaristas muito fortes que também sejam muito bons intérpretes. Acredito que os artistas de circo hoje são pessoas multitalentosas – defende o diretor.
CIRQUE ÉLOIZE EM CIRKOPOLIS
Nesta sexta-feira (29/9), às 21h. Duração: 90 minutos. Classificação: livre.
Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80, 2º andar do Bourbon Shopping Country), fone (51) 3375-3700, em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 50 (galerias e mezanino), R$ 140 (plateia alta), R$ 160 (camarotes) e R$180 (plateia baixa).
Ponto de venda sem taxa: bilheteria do teatro, das 10h até o início da sessão. Ponto de venda com taxa: site ingressorapido.com.br e call center 4003-1212.
Onde estacionar: o shopping tem estacionamento a R$ 9.