Se Capitã Marvel (2019) foi um sucesso inquestionável para o estúdio, arrecadando US$ 1,12 bilhão nas bilheterias mundiais, o cenário mudou bastante nos quatro anos que separam o primeiro filme da super-heroína de sua continuação, As Marvels (2023), que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9).
Na época, o primeiro título estreou durante o maior hype que o estúdio já teve — entre Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019) —, além de apresentar o primeiro filme solo de uma super-heroína do Universo Cinematográfico Marvel (MCU na sigla em inglês), que prometia ser a mais poderosa de todos.
Porém, após o ápice de Ultimato, o estúdio não conseguiu manter o interesse do público, uma vez que alguns dos principais personagens daquele universo se despediram no longa-metragem. Carol Danvers, a Capitã Marvel, era cotada para ser uma das líderes da nova fase do MCU, mas a falta de um planejamento consistente como o feito anteriormente deixou o barco à deriva. E, claro, tudo isso alinhado com a diminuição drástica de qualidade das entregas.
Agora, As Marvels chega aos cinemas tentando passar por cima de uma série de problemas de bastidores e, principalmente, com uma grande desconfiança por parte dos fãs do MCU. Será que vem outro fracasso para a conta do estúdio? GZH analisa abaixo alguns pontos que indicam que, infelizmente, este deve ser o destino do longa-metragem.
Tudo conectado
Kevin Feige, o chefão do MCU, decidiu que o universo cinematográfico iria se conectar com séries de TV e, de 2021 para cá, passou a enfileirar programas com foco nos super-heróis no Disney+. Porém, com tanto conteúdo e uma certa obrigatoriedade de assistir tudo para entender os próximos passos da franquia, o público foi cansando e abandonando o universo — inclusive, uma das protagonistas de As Marvels, a Ms. Marvel, surgiu justamente de uma série que não foi um grande sucesso de audiência. Ou seja, um número limitado de pessoas conhece a história da jovem heroína.
Refilmagens
As regravações são comuns dentro de Hollywood. Geralmente, elas duram entre uma e duas semanas. Porém, As Marvels passou por um período longo demais, somando quatro semanas — o que pode significar que arcos inteiros da obra foram refeitos, além de aumentar consideravelmente o orçamento da produção. Segundo a revista Variety, as novas tomadas foram realizadas para "trazer coerência a uma história toda trincada". Ou seja, foram feitos diversos remendos para que o filme pudesse chegar aos cinemas.
Abandono da diretora
Nia DaCosta, contratada para assumir a direção de As Marvels, foi acusada de abandonar a pós-produção do filme, movimento que é visto como estranho no mundo do audiovisual, uma vez que a pessoa responsável pelo comando da produção acompanha todo o processo. Ela de fato ficou de fora de boa parte do arremate do longa-metragem, já que tinha compromisso com outra obra. Para se defender de pular do barco no meio da finalização de As Marvels, a cineasta disse que o estúdio "mudou a data do filme quatro vezes", passando de um processo de dois anos para três anos e meio.
Grande orçamento
Com todas essas informações, bem como a saturação de tanto conteúdo de super-heróis, o público está desanimado. Assim, enquanto o primeiro filme teve uma abertura de US$ 153 milhões nos Estados Unidos, a sequência deve amargar uma estreia na casa dos US$ 75 milhões — ou seja, menos da metade. O problema é que a produção custou para a Marvel nada menos do que US$ 270 milhões, um valor bem maior do que o filme de 2019, que teve orçamento de US$ 160 milhões. Resumindo, para não gerar prejuízo para o estúdio, a produção terá de faturar mais de US$ 800 milhões — algo que apenas Guardiões da Galáxia Vol. 3 (2023) conseguiu neste ano para o estúdio.
Greve em Hollywood
Para piorar o cenário, os atores de Hollywood estavam em greve, que teve fim somente na quarta-feira (8), o que impossibilitou que as estrelas de As Marvels participassem de eventos promocionais, bem como dos circuitos de entrevistas nos talk-shows norte-americanos — o que é um grande impulsionador na divulgação. Ou seja, não está nada fácil para a Marvel.
Com Brie Larson, Teyonah Parris, Iman Vellani e Samuel L. Jackson no elenco, As Marvels entra em cartaz nesta quinta-feira nos cinemas nacionais.