Um dos pontos históricos de Montenegro, o Cine Tanópolis foi fundado em 1957. O último cinema da cidade foi assumido pelo empresário Ewerton Brandolt, em 2014, no momento que o prédio sofria com danos na infraestrutura. Antes, ele era corretor de imóveis, chegando a promover o leilão do prédio. O proprietário que adquirira o ponto pretendia alugá-lo para um cinema. Sem experiência no ramo, Ewerton resolveu se aventurar.
Para a reabertura, o local foi reformado, e os equipamentos foram substituídos para o sistema digital. Surgia a era Cine + Arte Tanópolis. Depois de Montenegro, Ewerton estabeleceu a rede Cine + Arte, abrindo dois cinemas em shoppings de Capão da Canoa, um drive-in em Xangri-lá e, no dia 4 de fevereiro, uma nova sala em Sombrio (SC). A filial em solo catarinense estava prevista para ser inaugurada em março de 2020, mas a pandemia adiou os planos.
A expansão teve início no Vale do Caí. Ewerton relata que o Cine + Arte Tanópolis costuma receber público dos municípios vizinhos: Maratá, Brochier, Triunfo e São Sebastião do Caí. A programação, assim como a grande maioria dos exibidores do Interior, costuma ser composta pelas principais apostas de bilheteria das distribuidoras.
Foi esse cinema que, em abril de 2019, virou notícia no Brasil inteiro: um homem vestido de Capitão América pediu a namorada em casamento durante uma sessão de Vingadores: Ultimato.
O Cine + Arte Tanópolis está localizado no centro de Montenegro, na movimentada Rua Ramiro Barcelos. A fachada do prédio é cinza, com duas faixas da cor salmão, na parte onde estão localizadas as janelas. O cinema ocupa o dois andares do prédio (segundo e terceiro). No térreo, à direita, há uma loja de materiais domésticos, escolares e de escritório. À esquerda, há uma entrada para um bar ao lado da escadaria que dá acesso ao cinema.
Ao subir às escadas e adentrar no hall do Cine + Arte Tanópolis, o visitante depara com um local acolhedor. Há diversos pôsteres espalhados, desde a escadaria que dá acesso ao cinema. Na bilheteria, está pendurado um simpático quadro com personagens d’Os Simpsons. Em um hall com as paredes pintadas de azul piscina, estão distribuídas mesas com cadeiras de madeira antigas. Chama atenção um banner grande de Mulan, filme que era uma grande aposta de 2020, mas que estreou direto no streaming. Há uma antessala à escadaria de acesso à sala de projeção, que tem paredes vermelhas e dois sofás pretos. O segundo andar também possui uma praça de alimentação, com espaço para crianças. Tanópolis tem um aspecto lúdico como é de se esperar de um cinema de calçada.
Com 180 lugares, a sala de projeção ostenta poltronas novas, que foram trocadas no ano passado. Porém, só 30% dos assentos podem ser ocupados devido aos protocolos sanitários. Ewerton estima que a sala deve estar recebendo apenas 10% de sua capacidade por sessão, às vezes nem isso.
– O público ainda está com medo. O movimento anda fraco, está punk o negócio. Não está valendo a pena ficar com ele aberto direto – diz o proprietário do cinema.
A sala está operando desde dezembro. No dia 5 de fevereiro, sexta-feira, quando a reportagem visitou o Cine + Arte Tanópolis, a sessão das 15h30min de Mulher-Maravilha 1984 só teve um solitário espectador. Felipe Finger, operador de projetor, salientou:
– Ontem (quinta, 4) não teve ninguém nas sessões das 15h30min e das 18h30min. Só teve gente na sessão das 21h.
Antes da pandemia, a situação era outra. Ewerton lembra que o mercado estava aquecido.
– Um de nossos melhores anos foi 2019. Em questão de bilheteria, foi ótimo. Até o início de 2020 foi muito bom. Janeiro e fevereiro foram impulsionados por Frozen II. Apesar de ser o período de férias, o cinema estava bombando em Montenegro – recorda.
O Cine + Arte Tanópolis hoje tem três funcionários para as suas três sessões diárias, normalmente de quinta a domingo. Antes contava com até seis pessoas, mas houve o corte com a pandemia.
– Estamos tentando sobreviver. Reduzir o máximo possível dos custos. Como o movimento está fraco, estamos lutando para pagar as contas: aluguel, condomínio, luzes, funcionários. Lucro não estamos tendo. Não deixando acumular também. Não sobra nada – lamenta Ewerton.
O empresário crê que a situação melhore no começo do segundo semestre. Seu plano é ir levando até o meio do ano para ver se engrena.