Com pouco mais de 33 mil habitantes, São Luiz Gonzaga tem um cinema para chamar de seu desde 1942. O Cine Lux, um dos mais antigos em atividade no Estado, hoje é comandado pela terceira geração de uma mesma família – passou de avô para neto. Jairo Panzenhagen (irmão de Flávio, que administrava o Cine Cisne de Santo Ângelo), 57 anos, é o proprietário desde 1997. Ele assumiu o cinema após a morte de seu pai.
– No tempo dos filmes do Teixeirinha, o pessoal dobrava o quarteirão em fila – recorda o empresário, que também lembra com carinho da comoção com as exibições de Titanic.
O Cine Lux está intimamente interligado com a história de São Luiz Gonzaga, como aponta Jairo:
– Cinema de interior é isso aí. Há casais que se conheceram ali, namorando no escurinho.
Jairo procura ir sempre atrás de títulos que, acredita, vão atrair o público da cidade: lançamentos, filmes de ação, comédia e terror.
Localizado no centro da cidade, o Cine Lux tem capacidade para 131 pessoas. Está localizado em um dos prédios mais antigos do município.
– Completa 79 anos em 14 de março. As pessoas de cidades que não têm cinema chegam aqui e tiram foto – comenta o proprietário.
Antes, o prédio era inteiramente dedicado ao Cine Lux, mas há 14 anos passou a comportar também uma academia de musculação – empreendimento com o qual Jairo trabalha há três décadas.
Na pandemia, o Cine Lux esteve fechado de março a outubro. Após breve retomada, foi fechado em novembro para reabrir novamente no dia 17 de dezembro com Mulher-Maravilha 1984. A equipe do cinema segue a mesma: Jairo e mais dois funcionários. Já o público...
– O pessoal está voltando, mas devagar. Embora haja os protocolos, o pessoal tem receio – resume Jairo.
Para 2021, o empresário tem esperança de que as coisas melhorem, embora o espectro da incerteza ronde sua atividade.
– Não me empolgo muito com este ano porque, enquanto não tivermos uma vacina ou um negócio concreto, assim, não tenho muita perspectiva. Só por estar funcionando estou dando graças a Deus – arremata.
Mesmo assim, ele está decidido a lutar pelo cinema e, indiretamente, por um patrimônio afetivo e cultural de seu município:
– A minha ideia é que, enquanto eu tiver forças, vou ficar com ele. Nem penso em fechar. Não penso muito nisso, mas tenho esse receio de que, por força alheia a minha vontade... Mas vou tentar levar o negócio o máximo possível.