Tendo estreado no Brasil no dia 17 de dezembro, Mulher-Maravilha 1984 tem obtido números notáveis de bilheteria ao redor do mundo, apesar da pandemia de covid-19 e, consequentemente, das restrições de público nas salas exibidoras. Além do cinema, o filme também estreou na plataforma HBO Max, nos Estados Unidos, e atingiu resultados expressivos. Porém, a recepção da crítica tem sido destoante.
Começando pelo sucesso no streaming: em entrevista ao site da revista The Hollywood Reporter, o chefe de conteúdo direto da Warner Media, Andy Forssell, declarou que "Mulher-Maravilha 1984 quebrou recordes e superou nossas expectativas em todas as nossas principais visualizações e métricas de assinantes nas primeiras 24 horas no serviço". Segundo divulgou o estúdio, o filme foi assistido por quase metade dos assinantes do streaming da Warner Bros., o HBO Max, no seu dia de estreia na plataforma — 25 de dezembro. No mês passado, a empresa divulgou que o serviço contava com 12,6 milhões de assinantes ativos. Vale ressaltar que a audiência de metade de usuários da plataforma não contabiliza espectadores que recebem o HBO Max por meio de pacotes de TV a cabo.
Durante a pandemia, a principal estratégia da Warner é fortalecer seu espaço digital. Para 2021, o estúdio seguirá o plano de distribuir seus filmes simultaneamente nos cinemas e no HBO Max.
Com lançamento simultâneo no streaming nos Estados Unidos, o que também facilitaria a pirataria, o site Box Office Mojo informou que a expectativa de arrecadação de Mulher-Maravilha 1984 no mercado norte-americano seria entre US$ 10 e US$ 15 milhões no seu período de estreia. O filme, no entanto, ligeiramente superou a previsão: arrecadou US$ 16,7 milhões.
Por outro lado, Mulher-Maravilha 1984 não conseguiu superar os US$ 20,2 milhões que Tenet obteve na estreia. O longa de Christopher Nolan teve exibição em 2,8 mil salas, enquanto o novo filme da heroína da DC entrou em cartaz em 2,1 mil cinemas, num circuito que mantém somente 40% das salas em operação. Fora que Tenet não estreou simultaneamente no streaming.
Ao redor do mundo, Mulher-Maravilha 1984 arrecadou, até o momento, US$ 118, 5 milhões nos países em que estreou (pouco mais de 20), conforme levantamento do site Box Office Mojo. Em seu lançamento no Brasil, o filme fez R$ 7,2 milhões em bilheteria, conforme o site Filme B.
Em 23 de dezembro, a Filme B observou que, no acumulado, o longa se aproximava dos R$ 11 milhões. Para efeito de comparação, Aves de Rapina — Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa arrecadou R$ 10,9 milhões quando estreou no Brasil, no final de semana iniciado em 6 de fevereiro de 2020. Era um momento em que ainda não se sentia os efeitos da covid-19 no país. No caso, o filme estrelado por Gal Gadot precisou de seis dias em cartaz para atingir a mesma renda de abertura de um blockbuster lançado antes da pandemia. Atualmente, o filme contabiliza R$ 19,3 milhões de bilheteria no Brasil.
A Filme B concluiu que "os resultados são motivo de comemoração não apenas para a Warner, mas para todos os amantes de cinema no país, por comprovarem que o público está sim disposto a voltar aos cinemas". Lembrando que no Rio Grande do Sul as salas exibidoras estão fechadas desde 30 de novembro, quando um novo decreto voltou a suspender as atividades do setor. Até o momento, não há previsão de nova retomada.
E o filme? Bem...
Sequência do filme de 2017, Mulher-Maravilha 1984 traz novamente Patty Jenkins na direção e Gal Gadot no papel da heroína da DC Comics. Aliás, as duas já estão confirmadas para um terceiro filme, ainda sem previsão de estreia. Uma novidade em 1984 é a nova dupla de vilões, interpretados por Pedro Pascal e Kristen Wiig.
Na trama ambientada nos anos 1980, Diana (Gal Gadot) se divide trabalhando como antropóloga e salvando inocentes em Washington. Até que ela depara com uma pedra misteriosa com o poder de realizar desejos. Porém, uma série de desastres começam a acontecer em decorrência desses desejos.
A recepção do filme foi longe de ser unânime. A princípio, as críticas seguiam uma tendência positiva, mas tomaram um rumo cada vez mais negativo com o passar dos dias. No momento, Mulher-Maravilha 1984 acumula 60% de aprovação no site Rotten Tomatoes (agregador de críticas de cinema e televisão) entre mais de 350 avaliações e 74% entre o público.
A colunista Emma Brockes escreveu para o The Guardian que "não é que o roteiro seja terrível e que na primeira metade do filme, após uma cena de abertura promissora, parece que as horas passam sem que nada aconteça". A autora continua: "Não é que, por longos períodos, Gadot não tenha nada para fazer a não ser olhar passivamente para o horizonte, ansiando por seu namorado morto (...) É que todas essas falhas são apresentadas com o ar presunçoso e desonesto de um filme que pretende criticar exatamente o que está nos vendendo".
Brian Lowry, da CNN, definiu que o filme tem um roteiro "mais difícil do que o filme pode mastigar adequadamente". Matt Goldberg, do Collider, aponta que o longa é repleto de excessos: "O filme é culpado por tentar fazer muito em relação ao quão sobrecarregado é, além de fazer muito pouco com sua trama tênue e as motivações confusas dos personagens". Já Manohla Dargis, do New York Times, pontua: "No final, esse filme nunca explica por que a Mulher-Maravilha está de volta à ação, além dos óbvios imperativos comerciais".
Entre as críticas positivas está a de Erik Kain, da Forbes: "Não é tão bom quanto o primeiro, mas eu gostei muito mais do que a maioria dos filmes do universo cinematográfico da DC, incluindo Aquaman e Liga da Justiça. Talvez eu tivesse gostado mais se a primeira Mulher-Maravilha não fosse muito melhor". Jake Wilson, do jornal Australiano The Age, destacou a atuação de Gal Gadot: "Pode ser a melhor escalação para um papel de super-herói desde que Christopher Reeve vestiu a capa e o spandex do Super-Homem". David Sims, do The Atlantic, arremata: "É uma aventura boba e arejada, que foca nas emoções de uma personagem, e traz um final encantador para um ano cansativo de cinema".