Com cerca de 6 mil horas brutas, a montagem de Democracia em Vertigem, indicado nesta segunda-feira (13) ao Oscar 2020 de melhor documentário, levou dois anos para ser feita. Em suas diversas fases, 15 editores trabalharam no filme, sendo que seis aparecem creditados como principais e outros nove como auxiliares.
Um desses principais é a pernambucana Karen Harley, que mora no Rio. Ela já havia tido dois outros filmes indicados ao Oscar: como uma das editoras de O Quatrilho (ficção de Fábio Barreto), em 1996, e como codiretora de documentário sobre o artista plástico Vik Muniz, Lixo Extraordinário, em 2011.
No caso de Democracia em Vertigem, Harley trabalhou nos últimos sete meses de edição, sendo responsável, ao lado de Joaquim Castro, pelo corte final da obra.
— Quando comecei, havia um corte de quatro horas e meia. Fomos refinando, ao mesmo tempo em que a vida acontecia, né?
Ela se refere ao segundo semestre de 2018, quando aconteceu a campanha eleitoral para presidente, a facada em Bolsonaro, as eleições, o segundo turno, a posse etc. O filme foi finalizado logo após a posse em janeiro de 2019, e estreou já naquele mês, no festival de Sundance, nos EUA. Em junho, o documentário chegou à Netflix.
A diretora Petra Costa iniciou as filmagens ainda em 2014 e captou cerca de 5 mil horas de cenas e entrevistas. Somou-se a isso, cerca de mil horas de material de arquivo, muitos inéditos.
— Era tanta coisa que não deu para ver tudo — diz Harley. Para assistir 6 mil horas seriam necessários 250 dias ininterruptos, sem pausa para dormir, por exemplo.
Harley considera que o melhor do filme é a costura com a experiência pessoal da diretora.
— Assumir esse ponto de vista e se expor dessa forma foi algo de coragem.
E a mescla disso com os acontecimentos políticos do país tornam Democracia em Vertigem o filme que é.
Harley também montou filmes como Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (Karim Ainouz e Marcelo Gomes, 2009) e Que Horas Ela Volta? (Anna Muylaert, 2015).