Com a finalidade de facilitar a pesquisa e democratizar o acesso ao patrimônio, a digitalização de acervos de instituições culturais do Rio Grande do Sul foi acelerada nos últimos anos. No último mês, o Teatro de Arena, que é vinculado à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), disponibilizou na internet textos teatrais censurados durante a ditadura militar. Ainda em maio, dentro do site da Cinemateca Paulo Amorim (também da Sedac), foi lançado o Portal do Cinema Gaúcho, que cataloga a produção audiovisual no RS.
Além desses dois exemplos, há mais instituições da secretaria que passaram ou estão passando por processos de digitalização de acervos: Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, Museu Estadual do Carvão, Casa de Cultura Mario Quintana, Museu de Comunicação Hipólito José da Costa e Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul. Outras instituições da Sedac, como a Discoteca Pública Natho Henn, também devem levar seus documentos e obras para o virtual. As consultas podem ser realizadas pelo site acervos.cultura.rs.gov.br.
Desde 2019, está em curso o projeto de digitalização de acervos da Sedac, mas, com a pandemia de covid-19, a velocidade dessa mudança ganhou grande impulso, como destaca Beatriz Araujo, secretária de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul:
— Diante da impossibilidade do contato presencial, voltamos toda a nossa atenção para as plataformas virtuais para nos mantermos conectados com nossos públicos e, principalmente, para que os acervos das instituições culturais ficassem acessíveis a todos e todas em meio virtual.
Para a secretária, a digitalização de acervos democratiza o acesso aos bens culturais, facilita consultas e pesquisas, além de favorecer a conservação das peças e documentos. O arquivista Alexandre Veiga, que tem trabalhado na digitalização de acervos da Sedac, corrobora. Ele aponta que o objetivo da virtualização de documentos e obras das instituições é atingir todos os públicos.
— Nós queremos que as pessoas acessem, seja por curiosidade ou por pesquisa acadêmica — afirma Veiga. — A virtualização vai facilitar isso em grande medida, pois o acesso fica mais rápido e efetivo. E de casa, sem precisar se deslocar até um museu. Além dessa integração dos acervos, que permite que o usuário possa ver determinada informação, dado ou registro que foi produzido em várias instituições ao mesmo tempo.
A seguir, saiba mais sobre a digitalização dos acervos de algumas das principais instituições culturais do Estado.
Teatro de Arena
Parte do Acervo Sonia Duro, do Teatro de Arena, começou a ser disponibilizada online em 11 de maio. A digitalização teve início em setembro de 2022. Em um primeiro momento, foram priorizados os textos teatrais censurados durante o período da ditadura militar.
Nessa leva, foram registrados no repositório 636 autores, que produziram 1.231 textos — esses números podem variar, pois em alguns casos há apenas o certificado de censura, sem o texto propriamente censurado.
Veiga ressalta que, na próxima fase do processo, um dos objetivos é proporcionar informações sobre autores das peças teatrais e mais detalhes sobre os textos.
- O Acervo Sonia Duro pode ser acessado em acervos.cultura.rs.gov.br
Margs
Entre 2011 e 2012, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) começou a digitalizar seu acervo artístico, disponibilizando-o na web em 2015. Desde então, toda aquisição que passa a integrar o acervo do museu — que hoje conta com mais de 5,7 mil obras — imediatamente é catalogada e lançada na plataforma.
Já a partir de dezembro de 2021, teve início o projeto de digitalização do acervo documental do museu. Entre periódicos e dossiês, são mais de 250 mil páginas que devem ser escaneadas e divulgadas no Tainacan, um repositório digital com software livre. A previsão é que o processo seja concluído nos próximos meses. O museu seguirá disponibilizando virtualmente novos documentos que passarem a integrar seu acervo.
- O acervo artístico e documental do Margs pode ser acessado pelo site margs.rs.gov.br (aba "Acervos online")
MACRS
O processo de disponibilização do acervo artístico e documental do MACRS começou em 2021. Segundo Adriana Boff, diretora do museu, a atual etapa contempla a publicização do acervo museológico do MACRS na plataforma Tainacan.
Hoje, estão disponíveis 53 itens de duas primeiras subcoleções, com informações completas de pesquisa. Ela destaca que, ainda neste mês, serão finalizadas essas duas subcoleções, disponibilizando as informações de aproximadamente mais cem obras, além do acervo documental com as exposições realizadas no museu entre 2021 e 2022.
— A perspectiva agora é disponibilizar todo o acervo com as informações básicas de catalogação enquanto se trabalha na pesquisa completa — diz Adriana.
- O acervo do MACRS pode ser acessado pelo site macrs.rs.gov.br (aba "Acervo")
Portal do Cinema Gaúcho
Com o objetivo de ser um grande banco de dados sobre a produção audiovisual do Estado, o Portal do Cinema Gaúcho foi lançado no último dia 26 de maio, dentro do site da Cinemateca Paulo Amorim. Neste espaço, estão catalogados 778 títulos de longas-metragens — acompanhados de sinopses, verbetes, fichas técnicas, imagens e datas de exibição —, o que inclui DVDs com registros de shows musicais ou espetáculos teatrais, normalmente não classificados como produção cinematográfica. Com o tempo, a ideia é incluir filmes de média e curta-metragem, além de séries e programas de TV.
- Acesse o site da Cinemateca Paulo Amorim e o Portal do Cinema Gaúcho pelo endereço cinematecapauloamorim.com.br