As boas-vindas para a 13ª Bienal do Mercosul, que ocorre na Capital de 15 de setembro a 20 de novembro, já podem ser vistas estampada no novo Muro da Mauá. Quem passa pelo local, poderá ver 10 painéis elaborados por seis artistas convidados, destacando a temática do evento: trauma, sonho e fuga. E o lançamento oficial das artes ocorreu neste sábado (10), com a presença dos artistas gráficos.
Porém, por conta do mau tempo dos últimos dias, três dos painéis ainda serão finalizados até o começo da próxima semana. Mas já é possível ver a forma deles e a ideia que querem passar. Um deles é o produzido por Luis Flavio Trampo, que já havia feito uma das primeiras intervenções artística no Muro, em 1992. Agora, 30 anos depois, ele entrega um novo projeto, dentro da temática sonho.
— A primeira vez que eu pintei o Muro foi bem no início da minha jornada como artista e arte-educador. Hoje, comigo voltando a ocupar este espaço, com 50 anos de idade, é extremamente simbólico, porque eu estou revivendo um sonho — explica Trampo, que fez a sua obra em cima de seu estudo sobre a geometria sagrada, com a inserção dos elementos água, fogo, terra e ar.
E ele ainda fala da experiência de criar ao vivo a sua tela:
— Pintar assim na rua é muito interessante, porque a o público vai interagindo, tanto no trânsito, que para aqui por conta do engarrafamento, como com os transeuntes que circulam aqui e estão sempre observando e percebendo essa parte viva dessa nova fase do Muro da Mauá
Trampo, juntamente com os artistas Otavio Fabro e Stang, fizeram as suas obras diretamente nos painéis instalados no Muro. Enquanto Bruno Schilling, Raphael de Luca e Pedro Matsuo fizeram artes digitais, que já estão concluídas e instaladas no espaço. Matsuo, por sua vez, é o único dos seis artistas que também contará com uma instalação na Bienal — a The Matsuo Plastic Light Show Happy Bars, no Paço Municipal —, tendo uma forte conexão com o evento que começa na próxima semana.
— Está sendo uma experiência ótima poder passar as mensagens e as coisas que eu acredito para mais pessoas, ao ar livre, o que possibilita uma abrangência maior de público. E é interessante usar desses meios artísticos para fazer com que as pessoas, até mesmo as que não entram em museus, reflitam — destaca Matsuo, que busca mesclar arte com tecnologia em suas composições, com a intenção de levar o público a valorizar a vida, após uma experiência de quase morte vivida por ele anos atrás.
Segundo o curador do projeto no Muro da Mauá e responsável pelas intervenções urbanas da 13ª Bienal do Mercosul, Jotape Pax, o desafio desta iniciativa foi juntar artistas que tivessem uma linguagem que comunicasse com a temática da Bienal e que eles, cada um de sua maneira, fizessem uma homenagem ao evento, como uma ação complementar.
— A gente já tem um apego por esse muro, além de estar na entrada da cidade e se tornar, digamos, o começo de um circuito que vai ser feito pela Bienal, que começaria na Avenida Mauá e a gente integraria todos os museus participantes, indo também em direção à Zona Sul, onde tem o Iberê, que receberá também instalações — detalha Pax.
A ideia de homenagear a Bienal do Mercosul no Muro da Mauá partiu de Rafaella Ferreira, diretora cultural do consórcio que administra o espaço formado pelas empresas Sinergy e HMídia — vale destacar que a iniciativa busca alterar o Muro a cada quatro meses.
— Já estava na época de mudar e não tinha como não abraçar essa exposição de arte gigantesca que toma conta da cidade. Conversei com os diretores da Bienal e com o Marcelo Dantas, curador do evento, e eles acharam ótimo a ideia de trazer os artistas de volta para o Muro, que nunca deixou de ser uma exposição de arte a céu aberto — explica Rafaella.