Nos últimos dias, quem passa pela Avenida Borges de Medeiros, no centro de Porto Alegre, tem ficado intrigado ao olhar para cima. Entre os prédios de uma das principais vias da Capital, grandes faixas de cor alaranjada se estendem de uma fachada a outra em uma espécie de emaranhado urbano.
A instalação é uma das obras previstas para a 13ª edição da Bienal do Mercosul, que será realizada no município entre 15 de setembro e 20 de novembro. Uma das pistas sobre a intervenção artística está nas redes sociais do artista radicado na Capital Túlio Pinto, um dos quase cem criadores de duas dezenas de países selecionados pela organização do evento para expor suas obras.
O artista publicou recentemente algumas fotos das faixas com a legenda “Batimento (nome da criação) em processo de instalação para a 13ª edição da Bienal do Mercosul”. A GZH, Túlio conta que a iniciativa é a sequência de um projeto iniciado sete anos atrás a partir de uma provocação do atual diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Francisco Dalcol, para inspirar criações que utilizassem a cidade como suporte. À época, a ideia foi esboçada apenas em imagens simuladas.
Depois, peças de menor escala foram produzidas para exposição utilizando blocos de concreto para esticar as faixas. Agora, a obra ganhou proporções monumentais. A cor laranja não foi escolhida por acaso.
- Há uma complementariedade do laranja com o azul. Em dias de céu muito azul, essas faixas vão gritar - observa Túlio Pinto.
O nome, Batimento, foi escolhido porque a espécie de zigue-zague formada pela sucessão das linhas coloridas também poderia remeter a batimentos cardíacos, segundo o criador.
Para a execução do serviço nas alturas, foi requisitada uma empresa de manutenção predial, a J Cruz, que colocou a ideia em prática sob responsabilidade técnica de Claudia Kusiak.
— Muitas pessoas não sabem, mas trabalhamos mais de um ano em cima desse projeto do Túlio Pinto, desde a elaboração, o estudo de como as faixas seriam estendidas, até agora. Já foram instaladas quatro faixas, e no total serão oito — afirma Paulo Torneri, proprietário da empresa junto com a mulher, Juliana Torneri, que também atuam com execução de projetos.
Inicialmente, o material foi preparado no Instituto Caldeira, também na Capital, e depois levado para instalação na área central da cidade. Para estender o tecido, foram utilizadas cordas-guia, com auxílio até de profissionais de rapel, por onde depois foram puxadas as faixas alaranjadas.
O material restante deverá ser estendido nos próximos dias, para atrair ainda mais a atenção de quem circular pelo Centro Histórico até meados de novembro. A bienal está prevista para se espalhar por diferentes espaços da cidade, como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Memorial do Rio Grande do Sul, Fundação Iberê Camargo, entre vários outros — incluindo, até mesmo neste caso, o céu da cidade.