Turistas e apaixonados por arte foram os primeiros visitantes do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), na manhã desta quinta-feira (22). Pontualmente às 10h, o espaço cultural localizado na Praça da Alfândega abriu as portas ao público depois de sete meses fechado por conta da pandemia.
As exposições em cartaz são as mesmas de antes do fechamento, em março, mas com algumas novidades. A principal diferença é que, agora, o museu segue um rigoroso protocolo de segurança, seguindo as indicações sanitárias dos decretos estadual e municipal.
Ao entrar no local, cada pessoa tem sua temperatura aferida e deve higienizar as mãos com álcool gel em um dispenser antes da escadaria de entrada. O uso de máscaras é obrigatório.
Dentro do Margs, podem circular apenas 15 visitantes por vez e a movimentação é acompanhada por monitores e seguranças. Nos corredores, placas indicam a lotação de cada sala e, nas paredes, há vários dispensers de álcool.
Além disso, a equipe circula fazendo a limpeza constante de corrimãos, botões de elevador e bancos. Portas de banheiros e divisórias de áreas agora ficam abertas para evitar que a pessoa precise encostar em qualquer superfície.
— O protocolo nos exige que a limpeza seja a cada três horas, mas nessas primeiras semanas preferimos pecar pelo excesso com a sanitização constante. Nossa equipe está bem satisfeita e orgulhosa de reabrir. E que o público possa voltar com cautela, sem pressa — comenta Francisco Dalcol, diretor-curador do Margs.
Minutos antes das 10h, a professora Cândida Brito e a estudante de psicologia Ana Cássia Souza foram as primeiras a chegar ao local. Vindas de Aracaju (SE), as duas estão no Sul para visitar familiares e ainda pretendem ir até a Serra. Não sabiam da reabertura e deram sorte de chegar ao museu no exato momento em que ele reabria suas portas. Apaixonadas pela Capital, elas ficaram admiradas com as mostras.
— É muito legal que tem um contexto bem atual e também mostra o melhor da arte contemporânea, achei bem interessante. Vi que é um dos principais museus do país e fiquei admirada mesmo — elogia Cândida.
Outro turista que circulava pelo Centro e que decidiu ver se o Margs estava aberto foi o estudante de Medicina Hikel Belo, de Natal (RN). Estudando em Foz do Iguaçu (PR), o jovem veio a Porto Alegre para reencontrar a família.
— Vocês são um povo bem receptivo e o museu é impressionante, então me arrisquei em passear por dentro e adorei — garante Belo.
Outros dois visitantes, por sua vez, souberam da reabertura por meios de comunicação e estiveram no Margs na primeira hora disponível. Um deles era o designer e artista Leonardo Volkmer, 47 anos, que trabalha há mais de duas décadas na área. Assíduo frequentador de museus, ficou deslumbrado com a fotografia da exposição de Túlio Pinto, publicada em GZH, e fez questão de visitar pessoalmente.
O segundo amante de artes visuais a marcar presença foi o aposentado Milton Trindade, que também soube da retomada por GZH. Mesmo acreditando em uma segunda onda do coronavírus, como vista na Europa, ele afirma que a retomada foi correta, mas que ainda sofre com o chamado "novo normal".
— Li uma coluna esses dias falando sobre isso de os teatros terem apenas 30 pessoas e mantendo distanciamento, o "novo normal". Não adianta, não é normal, não quero isso, mas espero que as coisas funcionem como visto aqui no museu, com o maior cuidado possível — reflete Trindade.
Satisfeito com a retomada, o diretor-curador do Margs conta que está conversando com a equipe e com os visitantes para ter feedbacks sobre os protocolos.
— A grande dúvida é se teríamos visitantes, e que bom que eles apareceram, sem aglomerações. Isso nos renovou a segurança e a confiança, ainda mais com a opinião deles sendo bem positiva — reforça Dalcol, que pretende monitorar diariamente a situação para realizar pequenos ajustes, caso seja necessário.
Exposições
A exposição montada na área principal é a Momentum, do artista Túlio Pinto, que conta com esculturas de grande porte. Vigas, pedras, esferas de vidro e outros elementos se cruzam em uma reflexão moderna sobre a vida.
Em outros espaços, o público também pode conhecer a mostra Gostem ou Não — Artistas Mulheres no Acervo do Margs, com curadoria de Cristina Barros, Marina Roncatto, Mel Ferrari e Nina Sanmartin. Há ainda Mariza Carpes — Digo de Onde Venho e Bruno Borne – Ponto Vernal.
— Eu gostei de ver essa valorização da representatividade, faz toda a diferença e é extremamente importante para esse momento — comenta a visitante Cândida.
Para completar a visita, a novidade é o Acervo em Movimento, que fez uma substituição integral das peças em exposição durante a pandemia. Conhecida como a área que mostra obras do Margs, esta parte agora homenageia o centenário de três artistas: Carlos Scliar (1920—2001), Fayga Ostrower (1920—2001) e Wilbur Olmedo (1920—1998).
São expostos também obras de dois artistas que morreram na pandemia, Aglaé Machado de Oliveira e Francesca Coniglio Ducceschi. Por fim, esta mostra presta um tributo a Luiz Gonzaga, que celebra oito décadas em 2020, e o fotógrafo Luiz Carlos Felizardo, tema do documentário em curta-metragem Um Fotógrafo na Estrada, lançado em julho pelo museu.
Museu de Arte do Rio Grande do Sul
- Praça da Alfândega, s/n°. Centro Histórico, Porto Alegre
- Visitação de terça a domingo, 10h às 19h
- Entrada gratuita
Protocolo de segurança sanitária
- Sinalização informativa sobre regras de acesso e visitação
- Reforço das equipes de limpeza para sanitização frequente nos espaços de circulação e em superfícies de uso comum, como banheiros, torneiras, corrimãos e elevador
- Instalação de dispensadores de álcool desinfetante
- Manutenção do sistema de climatização
- Retirada de materiais impressos e fôlderes das exposições
- Remoção de obras de arte interativas ou manipuláveis e desligamento de dispositivos eletrônicos que envolvam toque
Regras de acesso e visitação
- Diminuição, limitação e controle do número de visitantes
- Uso obrigatório de máscara
- Medição de temperatura
- Higienização das mãos com álcool desinfetante
- Restrição a grupos
- Respeito à distância de dois metros
- Incentivo ao uso de escadas, com elevador restrito a visitante preferencial (cadeirantes, mobilidade reduzida, maiores de 65 anos e gestantes)
- Desativação do guarda-volumes