Sete meses depois de fechar as portas por conta da pandemia, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) reabre ao público na próxima quinta-feira (22) retomando as exposições que estavam em cartaz até 18 de março. Além de um novo cenário de visitação, imposto pelas regras de segurança sanitária, o espaço volta com uma novidade importante: o início da obra que envolverá a substituição do sistema de climatização e o restauro total da parte superior do prédio da Praça da Alfândega — terraço e os quatro torreões.
— Estou me sentindo no olho do furacão. O Margs é um museu público, da comunidade. Nosso empenho é de total dedicação para que tudo corra bem e a gente consiga equacionar da melhor maneira a reabertura e todas essas melhorias que estão ocorrendo simultaneamente. Queremos perpetuar o Margs e projetá-lo ao futuro — afirma o diretor-curador do museu, Francisco Dalcol.
Antes de reabertura, foi realizada uma pesquisa nas redes sociais do Margs e via mailing, a fim de entender os ânimos do público quanto à possível volta das atividades do museu. Daqueles que participaram, 70% disseram ter vontade de visitar o Margs quando reabrir, enquanto 65% aprovaram as medidas de segurança sanitária propostas — entre elas, redução do número de visitantes, utilização obrigatória de máscara, medição de temperatura e sanitização frequente de espaços e superfícies de uso comum. Dalcol vem acompanhando a reabertura de museus nos Estados Unidos, na Europa e, mais recentemente, em São Paulo. Isso, explica, acabou ajudando a elaborar as medidas de segurança.
— Desenvolvemos pelo Estado um protocolo para a área de museu e de espaços expositivos que leva em conta também o protocolo do Instituto Brasileiro de Museus e do Conselho Internacional de Museus. Fundamentando o nosso trabalho com esses parâmetros, constituímos um extenso documento, que fica como recomendação para todas as instituições do Rio Grande do Sul, não somente as públicas.
O Margs recebeu verba para realizar uma grande obra de reforma e restauração da parte superior do prédio, algo que não é feito desde o final dos anos 1990, quando ocorreu a reforma total do museu. Provenientes do Fundo de Defesa de Direitos Difusos, os R$ 4,7 milhões depositados no último dia 2 de agosto vão permitir a impermeabilização do terraço, o restauro dos quatro torreões e a substituição do sistema de climatização. O cronograma prevê que as obras — contratadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), supervisionadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) e realizadas pela empresa Arquium — terminem dentro de nove meses.
— As reformas vão trazer uma série de melhorias para a estrutura desse prédio histórico, que remonta à década de 1910. Com o restauro dos torreões, estaremos em melhores condições para prosseguir com as atividades e a rotina museológica. A reforma de climatização é a grande expectativa, porque o Margs necessita de um sistema de climatização novo e atual para atender às exigências museológicas quanto ao controle de temperatura e umidade necessário para os procedimentos de conservação de obras de arte — diz Dalcol, acrescentando que a impermeabilização tem caráter preventivo.
Exposições
O Margs também recebeu cerca de R$ 80 mil para executar o PPCI. Segundo o diretor, embora o valor não seja tão elevado, em se tratando de PPCI, é um aporte necessário para implementar os itens restantes para regularizar o sistema de prevenção contra incêndio:
— Depois do incêndio do Museu Nacional, sabemos que o PPCI não é nenhum luxo, é uma exigência para instituições que têm acervos. São poucos os museus, sobretudo os públicos, que têm um projeto de PPCI completo. Com tudo isso implementado, o Margs estará em melhores condições de segurança para proteger as mais de 5 mil obras de arte do acervo artístico, a edificação e suas instalações, além de oferecer maior segurança ao público e funcionários — diz Dalcol.
O montante foi doado pelo Banrisul, parceiro do Margs. A previsão é de que até o final do ano todas as alterações tenham sido feitas. A partir daí, começa a parte burocrática do processo, que envolve a vistoria do Corpo de Bombeiros.
O Margs estará aberto de terça a domingo, das 10h às 17h (último acesso às 16h30min), com capacidade inicialmente restrita a 15 visitantes simultâneos. Uma das exposições que poderão ser conferidas no local é Momentum, do artista Túlio Pinto, que conta com esculturas de grande porte. Também poderão ser vistas a coletiva Gostem ou Não — Artistas Mulheres no Acervo do Margs, com curadoria de Cristina Barros, Marina Roncatto, Mel Ferrari e Nina Sanmartin, além de Mariza Carpes — Digo de Onde Venho e Bruno Borne – Ponto Vernal.
Outra novidade fica por conta do programa expositivo Acervo em Movimento, cuja mostra de longa duração com rotatividade de obras prestará homenagens aos centenários de nascimento de Carlos Scliar e Fayga Ostrower, trazendo também obras de outros artistas, como o fotógrafo Luiz Carlos Felizardo, tema do documentário em curta-metragem Um Fotógrafo na Estrada, lançado em julho pelo museu. Para dezembro, está prevista a remontagem da primeira exposição do Margs, de 1955, chamada Arte Brasileira Contemporânea.
Museu de Arte do Rio Grande do Sul
- Praça da Alfândega, s/n°. Centro Histórico, Porto Alegre
- Visitação de terça a domingo, 10h às 19h,
- Entrada gratuita
Protocolo de segurança
- Sinalização informativa sobre regras de acesso e visitação
- Reforço das equipes de limpeza para sanitização frequente nos espaços de circulação e em superfícies de uso comum, como banheiros, torneiras, corrimões e elevador
- Instalação de dispensadores de álcool desinfetante
- Manutenção do sistema de climatização
- Retirada de materiais impressos e fôlderes das exposições
- Remoção de obras de arte interativas ou manipuláveis e desligamento de dispositivos eletrônicos que envolvam toque
Regras de acesso e visitação
- Diminuição, limitação e controle do número de visitantes
- Uso obrigatório de máscara
- Medição de temperatura
- Higienização das mãos com álcool desinfetante
- Restrição a grupos
- Respeito à distância de dois metros
- Incentivo ao uso de escadas, com elevador restrito a visitante preferencial (cadeirantes, mobilidade reduzida, maiores de 65 anos e gestantes)
- Desativação do guarda-volumes