Figura fundamental para as artes plásticas e a literatura quando o Brasil era Império, Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879) nasceu em Rio Pardo e se mudou para o Rio de Janeiro ainda jovem. Apesar de ser nome de rua (com o título nobiliárquico que ostentava, Barão de Santo Ângelo), tem poucas obras nas coleções públicas da capital gaúcha. Em homenagem aos 140 anos de sua morte, o curador e professor do Instituto de Artes da UFRGS Paulo Gomes montou uma exposição com esses trabalhos: O Barão no Paço, em cartaz na Pinacoteca Aldo Locatelli, instalada no Paço Municipal – mesmo local onde o artista foi velado quando seus restos mortais foram repatriados de Portugal, em 1930.
Pintor, escritor, jornalista e pioneiro da caricatura de imprensa no Brasil, Porto-Alegre estudou no Rio com o francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) – mais tarde, em 1831, ele acompanharia o professor no regresso à Europa, graças ao patrocínio dos irmãos Andradas. Influenciado inicialmente pelo romantismo europeu, Porto-Alegre retornou ao Brasil depois de seis anos de viagens por França, Itália, Inglaterra e Países Baixos. No Brasil, tomou para si a tarefa de fazer florescer no país artes que viviam um período de ebulição lá fora. Foi assim que se dedicou, além da pintura e do jornalismo, à caricatura.
A mostra reúne desenhos e pinturas originais, incluindo retratos, paisagens e estudos decorativos, de cenários e de vegetação. São obras de coleções sediadas em Porto Alegre, como no Museu Julio de Castilhos, no Margs e na Fundacred. Segundo o curador, O Barão no Paço é um “retrato intelectual” do artista e é uma “rara oportunidade de conhecer e resgatar sua personalidade de gigantescas proporções na história da cultura brasileira do século 19”.
O Barão no Paço - obras de Manuel de Araújo Porto-Alegre em coleções locais
- Pinacoteca Aldo Locatelli (Praça Montevidéu, 10).
- Visitação: de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30min às 18h (último acesso às 17h30min), até 13 de março. Entrada franca.