Seja em sua beleza ou degradação, as águas do Rio Grande do Sul são tema da exposição Poesia Líquida, que será aberta nesta terça-feira (20), às 19h, no Margs (Praça da Alfândega, s/nº), permanecendo em cartaz até o dia 17 de fevereiro. Com curadoria de Zoravia Bettiol, a mostra reúne 86 imagens em grandes formatos da fotógrafa Dulce Helfer, que percorreu diversos pontos do Estado – como Taim, Porto Alegre, Aparados da Serra, Cambará do Sul, Atlântida, Pampa Safari (Gravataí) e sua cidade natal, Santa Cruz do Sul. O projeto também ganhou formato álbum, lançado no último sábado (17) na Feira do Livro de Porto Alegre.
Ao longo de sua trajetória, dos quais passou 27 anos no jornal Zero Hora, Dulce registrou artistas como The Cure, B.B.King, Roberto Carlos, Avril Lavigne, Mario Quintana e David Lynch, além de ser a fotógrafa de cena em filmes dos diretores Tabajara Ruas, Beto Souza e Roberto Gervitz. Também realizou exposições individuais como Amazônia – Tão Perto, Tão Longe, para a qual navegou pelo Rio Solimões e passou por aldeias de índios Ticunas e comunidades ribeirinhas. Seu olhar sobre o meio ambiente volta a se manifestar no projeto Poesia Líquida.
– Como sempre fui mais ligada a shows, a essa parte mais de música e escritores, a maioria não se dá conta que eu fotografo a natureza há muitos anos. Eu tenho uma imensidão de fotos de água. Nessas histórias de viajar muito pelo Rio Grande do Sul com o cinema, fiz muita foto de água em diversos locais. É um Estado muito diferenciado porque a gente tem mar, serra, campo, mas ainda temos água em todos os lugares – explica Dulce.
Entre os registros de Poesia Líquida, Dulce apresenta águas tranquilas em paisagens serenas, cenas campestres, cachoeiras em penhascos, banhos e pesca em águas doces, mas também há o contraponto da poluição em diversas imagens – como fotos de crianças brincando em áreas sem saneamento. Nesses contrastes, os lixões ganham bastante destaque.
– Fui com a Defesa Civil de Porto Alegre às ilhas da cidade. Em Santa Cruz do Sul, fui às periferias, onde têm os lixões. Então, você percebe que tem muita coisa que precisa mudar em todos os lugares. Os centros das cidades são todos bonitinhos, cheios de flores, e você vai na periferia e vê os lixões. Fiquei muito indignada ao ver isso. Acho tão fácil as empresas e prefeituras reutilizarem aqueles lixos jogados dentro dos riachos _ conta a fotógrafa.
Dulce ressalta que a ecologia sempre foi uma preocupação em sua vida:
– Sou daquelas chatas que chega numa casa e questiona: onde é que está o seletivo para largar o lixo? (risos) Acho que é nas pequenas coisas que a gente vai mudando.
REALIDADE AUMENTADA
A exposição também conta com recursos de acessibilidade, como audiodescrição, vinculada a oito painéis. Entre as mais de 80 obras, algumas contam com o recurso de realidade aumentada. Diante dessas fotos, o público pode ouvir o som de águas correndo e ver pássaros e borboletas voando por meio de um aplicativo, instalado no celular ou tablet. O recurso está disponível para IOS e Android e pode ser localizado buscando por "Dulce Helfer" nas lojas de aplicativos.
– Eu queria fazer alguma coisa que tivesse vida – pontua Dulce.
Poesia Líquida - exposição
Abertura terça-feira, às 19h, no Margs (Praça da Alfândega, s/nº). Visitação: de terça a domingo, das 10h às 19h. Até 17 de fevereiro.
Poesia Líquida - livro
Dulce Hefer. Editora independente, 86 páginas. À venda somente no Margs por R$ 50.