Depois de muita polêmica envolvendo a exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, que foi fechada antes do tempo previsto, o Santander Cultural comprometeu-se a realizar duas novas exposições enfatizando temas sobre a diferença e diversidade, sob a ótica dos direitos humanos. A determinação é parte de um termo de compromisso proposto pelo Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF/RS), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), e assinado pelo presidente do Santander Cultural, Marcos Madureira, em 20 de dezembro.
A medida ocorreu após a apuração do MPF sobre "a lesão à liberdade de expressão artística" em decorrência do encerramento antecipado em 30 dias da mostra, que tinha financiamento público. A decisão do Santander sobre o fechamento ocorreu após acusações de grupos conservadores de que as obras faziam apologia à pedofilia, zoofilia e ofendiam símbolos religiosos. Segundo o MPF, isso "não se verificou na realidade". A partir do termo assinado com o MPF/RS, o Santander Cultural se comprometeu a patrocinar novas mostras que, conjuntamente, permanecerão abertas por aproximadamente 120 dias.
Em uma das novas exposições, o centro cultural abordará a questão da intolerância a partir de quatro eixos centrais: gênero e orientação sexual, étnica e de raça, liberdade de expressão e outras formas de intolerância através dos tempos. Já a outra exposição tratará sobre as formas de empoderamento das mulheres, assim como a diversidade feminina, incluindo questões culturais, étnicas e de raça, de orientação sexual e de gênero.
Além disso, também ficou estabelecido que o Santander Cultural deverá continuar a dedicar especial atenção a medidas informativas sobre eventuais representações de nudez, violência ou sexo nas obras que serão expostas. Caso o acordo não seja cumprido, o Santander Cultural pagará multa de R$ 800 mil.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Santander Cultural disse que não vai se posicionar sobre o assunto no momento.