Enquanto no Brasil se discute a polêmica em torno das imagens de uma criança tocando os pés de um homem nu na abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), além das tensões relacionadas à exposição Queermuseu, dois museus de Paris – Museu d'Orsay e o Museu da Orangerie – relançaram uma campanha que tem um cartaz com os dizeres "Tragam seus filhos para ver gente nua". A peça utiliza a tela Femme Nue Couchée (Mulher Nua Deitada), de 1907, do pintor francês Auguste Renoir.
Lançada originalmente em 2015, a campanha espalhou nove modelos de cartazes pela capital francesa com obras consagradas dos dois museus, contendo mensagens direcionadas a pais e filhos. Em entrevista para a RFI, a diretora de comunicação dos dois museus e coordenadora da campanha, Amélie Hardivillier, ressaltou que nenhuma das obras das instituições tem censura de idade.
De acordo com Amélie, o objetivo da campanha era se colocar no lugar das crianças quando elas vão aos museus, decifrar suas reações e a compreensão que têm das obras.
– Queríamos mostrar que são as crianças que levam os pais aos museus – garantiu.
Para Amélie, todos devem frequentar exposições de arte. Ela relatou à publicação que o maior desafio para sua equipe é atrair diferentes públicos ao local, o que inclui crianças e adolescentes. Para isso, a diretora de comunicação crê que seja necessário relacionar obras históricas a assuntos atuais.
– São Sebastião é um santo. Mas pode se tornar um ícone gay se você o observar nas pinturas com o olhar de hoje – explicou.
Na publicação, Amélie também lamentou o episódio envolvendo o MAM, em São Paulo:
– Sei que São Paulo é palco de belas exposições. É muito grave essa situação. Fico triste com essa notícia.
Louvre cancela exibição de obra apontada como "sexualmente explícita"
Por outro lado, o Museu do Louvre cancelou a exibição de uma escultura no Jardim das Tulherias, duas semanas antes da estreia. Para Jean-Luc Martinez, o diretor do museu, a obra Domestikator "tem um aspecto brutal". A obra do coletivo holandês Atelier Van Lieshout lembra um prédio com janelas, mas também remete a um homem em forma de caixas durante o ato sexual com outra pessoa.
Joep van Lieshout, fundador do coletivo, criticou a decisão do museu ao jornal The New York Times:
– Isso é algo que não deveria acontecer. Um museu deveria ser um local aberto de comunicação. O papel do museu e da imprensa é explicar o trabalho. A peça em si não é muito explícita. É uma forma abstrata, não há genitais. É bastante inocente.