O ano de 2024 é especial para Antônio Prado, considerada a cidade mais italiana do Brasil, que completou 125 anos no último domingo, 11 de fevereiro. A data se refere à emancipação de Vacaria, formalizada em 1899. Não custa lembrar também que a imigração italiana está comemorando 150 anos no país, o que torna o calendário de 2024 ainda mais atrativo na serra gaúcha.
Criada em 1886, distante 189km da Capital, Antônio Prado foi a sexta e última das chamadas “antigas colônias da imigração italiana”. O nome é homenagem ao conselheiro Antônio da Silva Prado, ministro da Agricultura do Império, que desempenhou um papel fundamental na formação de núcleos coloniais no Rio Grande do Sul.
O destaque na paisagem urbana são as casinhas de madeira e alvenaria construídas pelos imigrantes, entre o final do século 19 e o início do século 20, que foram tombadas como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na década de 1980, devido a sua importância para a preservação da cultura e da identidade da região.
No total, são 48 edificações, que geralmente abrigavam as famílias na parte superior, enquanto o térreo era destinado para estabelecimentos comerciais. Uma delas, a Casa da Neni, como é conhecida, hoje é a sede do Museu Municipal Antônio Prado. Construída pelo casal Antônio Bocchese e Maria Marian, foi planejada para a instalação no andar debaixo da ourivesaria do imigrante, que trabalhava com ouro, prata e outros metais. Após a morte do casal, ficou com a filha Joana Magdalena, conhecida como Neni. O imóvel, acompanhado de outras moradias do centro histórico do município, serviu como cenário da produção cinematográfica O Quatrilho, indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1996.
Além da arquitetura, Antônio Prado encanta também pela harmoniosa fusão entre paisagem urbana e rural. Quem percorre as estradas no interior do município depara com capitéis, pequenas edificações em formato de capela, construídas à beira da estrada ou em propriedades particulares. Os templos representam pontos de referência e devoção para moradores e visitantes. Essa mistura entre o sagrado e o cotidiano confere um charme especial e revela a importância da religiosidade na vida da comunidade.
Para estimular o turismo e difundir a história da cidade, a prefeitura criou no ano passado dois roteiros, denominados Caminhos do Prado, que podem ser percorridos a pé ou de bicicleta. As trilhas – com 19,8km e 30,1km, respectivamente – oferecem uma oportunidade de conhecer lugares carregados de histórias. Exemplo? O Moinho Francescatto, construído na década de 1930, na estrada para a Linha 21 de Abril. Outra atração é a Ferraria Marsílio, que funcionou por quase 90 anos, produzindo arados, carroças e ferraduras, além de consertar ferramentas. Os roteiros de caminhada e cicloturismo são autoguiados e o serviço é gratuito.