Nesta quarta-feira (14), a Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) completa 166 anos. Ela foi fundada em 1858, com o nome de Praça do Comércio, em reunião realizada na casa de campo do político e comerciante Lopo Gonçalves Bastos, na antiga Rua da Margem (atual João Alfredo), onde hoje está localizado o Museu Joaquim Felizardo. Em 1918, ganhou a denominação atual, sendo declarada de utilidade pública. O Palácio do Comércio, sede da entidade desde 1940, no Largo Visconde do Cairú, é um marco da arquitetura da Capital – obra do alemão José Lutzenberger, entre outras inovações, foi o primeiro edifício dotado de ar-condicionado central no Rio Grande do Sul.
Conforme a historiadora Suzana Porcello Schilling, a Praça do Comércio se instalou, a princípio, em uma casa alugada na antiga Rua da Alfândega (hoje 7 de Setembro), esquina com a Praça da Alfândega, como representante de comerciantes, capitães e mestres de navios, além de corretores e demais pessoas empregadas no comércio. No primeiro momento, entre as suas incumbências, estava determinar curso, câmbio e preço corrente de mercadorias, seguros, fretes, transportes de terra e água, fundos públicos, nacionais ou estrangeiros e outros papéis de crédito. Além disso, tinha a missão de estabelecer os usos e costumes que passariam a ser adotados como fontes de direito nas relações comerciais, de acordo com as disposições do Código Comercial de 1850. Até então, predominavam os usos e costumes relacionados ao comércio marítimo, já que o tráfego terrestre era pouco estruturado, esclarece a pesquisadora.
Outro fato a destacar é que, desde o início, a Praça do Comércio estimulou o desenvolvimento do setor industrial. Em 1861, por exemplo, a entidade ofereceu o empréstimo do salão do prédio em que estava instalada para a comissão diretora da primeira Exposição Industrial da Província. Neste local, também foi inaugurada a primeira mostra industrial do Rio Grande do Sul, no dia 2 de dezembro daquele ano. Segundo a historiadora, a falta de uma entidade específica dos industriais fazia com que, repetidamente, a mobilização das manufaturas para exposições fosse feita através da Praça do Comércio.
– Quando necessária alguma intermediação com a nascente indústria porto-alegrense, o governo se dirigia à associação dos comerciantes. E isso não gerava nenhum tipo de conflito entre comerciantes e industriais – afirma Suzana.
As tratativas para a construção da sede própria foram iniciadas no final dos anos 1920, quando os comerciantes formalizaram duas reivindicações junto ao poder público. À prefeitura, foi solicitada a doação de um terreno na zona comercial da cidade. E, junto à Assembleia do Estado, foi sugerida a criação de um tributo representado por uma taxa por quilograma de mercadoria exportada através dos portos de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, sendo o valor arrecadado exclusivamente destinado à construção de edifícios para as sedes das associações comerciais dos três municípios. Na Capital, a pedra fundamental do Palácio do Comércio foi lançada em 12 de outubro de 1937, e a inauguração aconteceu em 14 de novembro de 1940, com a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas.