Há cerca de um ano, o Almanaque Gaúcho anunciou o início do projeto Resgate da Memória Fotográfica dos Carnavais de Caçapava do Sul, que tinha como objetivo recuperar imagens da folia do município da região central do Estado no século passado. Ao longo de 2023, a campanha mobilizou a comunidade local, possibilitando que fossem resgatadas mais de 500 fotografias. Uma centena delas está exposta na mostra Foi no Carnaval Que Passou..., aberta no dia 7 de fevereiro, na Casa de Cultura Juarez Teixeira (Rua General Osório, 730, em Caçapava do Sul).
– Uma quantidade importante de registros fotográficos desse período estava pulverizada em álbuns familiares e corria o risco de se perder. Reunidas, essas imagens oferecem um panorama significativo da época e ficam para a posteridade – diz a jornalista Gisele Teixeira, da equipe da CCJT.
O tema mexe com a memória afetiva das pessoas. São histórias de vida, emolduradas por um passado feliz, vivenciado em blocos de rua, bailes em clubes e concursos de fantasias de luxo. Gisele observa que Caçapava do Sul teve forte tradição carnavalesca no século 20, especialmente nas décadas de 1970 e 1990. Entre as curiosidades arrecadadas está uma foto dos anos 1940 – a mais antiga da coleção –, que mostra o carnaval animado por músicos que tocam violão e bandoneon. Há também uma imagem do primeiro carro alegórico a desfilar no município, em formato de cisne, na década de 1960.
A mostra ficará em cartaz até 29 de fevereiro e a ideia é que, em um segundo momento, as fotos sejam organizadas em um site para consulta pública, sendo classificadas por décadas, lugares e personagens. A iniciativa conta com o apoio do Museu Lanceiros do Sul, que cedeu um figurino e troféus de Nazeazeno de Vargas, falecido em 2002, carnavalesco que conquistou mais de 20 prêmios em concursos de fantasia pelo Brasil afora, o que era pouco usual na época para uma cidade do Interior.
O barbeiro mais antigo de São Gabriel
Depois que contamos a história de Nei Bernardes, o barbeiro mais antigo ainda em atividade no bairro Cidade Baixa, na Capital, a coluna vem recebendo relatos sobre outros veteranos profissionais do pente e da tesoura. Um exemplo é Ilo Heberlê, de 92 anos, barbeiro desde 1948 em São Gabriel. Ele costuma dizer que a maioria dos fregueses já está no céu, mas vai continuar batendo a tesoura enquanto Deus permitir. Gremista fanático, certa vez ganhou um Fusca em uma promoção do clube do coração e desfilou com o carrinho na boleia de um caminhão pelas ruas de São Gabriel, enquanto o alto-falante gritava: “Faça como o Ilo Heberlê! Quite o seu carnê!”.