No final do ano passado, recebi uma obra, que mais do que um documento de memória é um testemunho de dedicação à cultura. Estou falando das cem páginas do livro 1893-2023 Theatro São João – Cento e Trinta Anos de um Patrimônio Cultural, bela retrospectiva que conta a história dessa joia da cidade de Taquari.
Como lembra o escritor João Paulo da Fontoura, conselheiro do Theatro São João e historiador diletante, na apresentação: “Essa singela obra, construída com muito carinho, tem como objetivo básico preservar a história do velho São João, desde lá atrás, muito atrás, por volta de 1877 (meros 28 anos após nossa freguesia se elevar à categoria de vila), quando três visionários cidadãos taquarienses – Leonel Antônio de Sá, Virggílio Ferreira Brandão e Tristão de Azevedo Vianna – resolveram, ou melhor, ousaram prover a Sociedade Dramática Recreio Familiar, que funcionava num pavilhão rústico e simples, com um portentoso prédio, todo em alvenaria, para servir condignamente aos propósitos dessa agremiação. Eis que, nos idos de maio de 1893, nascia o Theatro São João, que em 2023 comemorou 130 anos”.
Em março de 2023 ocorreu a inauguração festiva do Memorial do Theatro São João, prédio anexo e moderno, de dois andares, com função precípua de salvaguardar a história da casa de espetáculos e da cidade e de abrigar eventos culturais.
O livro reúne depoimentos importantes que reconstituem a trajetória da instituição. Aliás, um antigo teatro como esse não pode considerar “atores” apenas aqueles que um dia subiram em seu palco para encenar peças de arte dramática, isso seria muito injusto com outros tantos personagens que ajudaram a construir uma bela história. Homero Canabarro Cunha Neto, presidente do Theatro São João, diz: “Quando lemos os depoimentos dos ‘atores’ dessa história de 130 anos, certificamo-nos de que há muito mais pessoas boas e trabalhadoras do que imaginamos. Pessoas comuns que iniciaram nosso Theatro São João, lá nos idos de 1877, erguendo um acanhado pavilhão de madeira, e que trabalharam muito para concluir, em 1893, o frontispício do prédio”.
Como lembra a cantora Marlene Pastro, ex-integrante do Teatro de Amadores Taquerienses (TAT): “O emblemático São João ainda guarda em sua memória, agora reavivada pelo restauro, o som do velho piano alemão e dos retumbantes aplausos a peças ali vividas...”