No final dos anos 1960, início dos 1970, uma personagem criada pela agência de publicidade MPM fez muito sucesso nos postos de combustíveis da rede Ipiranga. A loira esguia, em trajes futuristas, batizada de Ipirela, era assumidamente inspirada na personagem do filme Barbarella, de 1968, estrelado por Jane Fonda. O filme de Roger Vadim – uma ficção científica delirante – foi um grande sucesso de bilheteria.
Com traços de personagem de histórias em quadrinhos, a musa de papel da Ipiranga superou outros símbolos de empresas petrolíferas, como o elefantinho da Shell e o tigre da Esso, no imaginário masculino da época. Eram outros tempos – nada politicamente corretos. A publicidade de automóveis e produtos afins era dirigida principalmente aos homens, visto que ainda era pequeno o número de mulheres ao volante. A formosa Ipirela ilustrou uma série de coloridas peças publicitárias, virou chaveiros, flâmulas e cartazes em tamanho natural – mas desapareceu sem deixar rastro.
Embora a inspiração declarada tenha sido a Barbarella do filme, uma observação um pouco mais atenta mostra que a Ipirela não tinha as feições da atriz Jane Fonda. Conta-se que uma jovem porto-alegrense teria servido de modelo para a criação da garota-propaganda da Ipiranga. Quem seria ela? Ainda vive? A identidade secreta da Ipirela alimentou várias lendas no meio antigomobilista gaúcho, mas até hoje permanece como um enigma insolúvel.
Fonte: Livro Ferrugem no Sangue II, de Irineu Guarnier Filho e Eduardo Scaravaglione