Instituição que representa mais de 600 empresas da Capital, a Associação Comercial de Porto Alegre está completando 165 anos hoje. Ela foi fundada em 1858 com o nome de Praça de Comércio, em reunião na residência de campo do comerciante Lopo Gonçalves, na antiga Rua da Margem (hoje Rua João Alfredo) – atualmente, esse prédio abriga o Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo. A associação dos comerciantes ganhou a atual denominação em 1918, ano em que foi declarada de utilidade pública. A seguir, uma síntese de sua trajetória escrita pela historiadora Suzana Porcello Schilling.
Em 14 de fevereiro de 1858, a partir do entendimento de que unidos seriam mais fortes, os comerciantes da Capital fundaram a Praça de Comércio (origem da Associação Comercial de Porto Alegre). Além de unir e representar comerciantes, capitães e mestres de navios, corretores e demais pessoas empregadas no comércio, a entidade também determinava o curso, o câmbio e o preço corrente de mercadorias, seguros, fretes, transportes de terra e água, fundos públicos, nacionais ou estrangeiros e outros papéis de crédito. Tinha ainda como incumbência estabelecer usos e costumes que seriam fonte de direito nas relações comerciais, segundo as disposições do código comercial de 1850. Nesse período, predominavam os usos e costumes relacionados ao comércio marítimo, já que o tráfego terrestre era pouco estruturado.
Um dos líderes mais destacados do processo de fundação e consolidação da Praça do Comércio foi o comerciante do ramo de secos e molhados Lopo Gonçalves Bastos, que participava intensamente da vida comunitária da cidade, tendo sido vereador várias vezes. Não por acaso, sua casa de campo, na atual Rua João Alfredo, foi o local da reunião que resultou na criação da nova entidade. A Praça de Comércio se instalou no centro comercial da Capital, em uma casa alugada na antiga Rua da Alfândega (hoje Rua 7 de Setembro), esquina com a Praça da Alfândega.
Em 1918, a Praça do Comércio passou a se chamar Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). No final da década de 1920, embora já fosse uma entidade forte e prestigiada, ainda não possuía sede própria, sempre ocupando salas alugadas. Na presidência de Ismael C. Torres, tomaram forma as tratativas para a construção de um edifício que fosse condizente com sua representatividade. Assim, duas reivindicações foram formalizadas. A primeira junto à prefeitura municipal, à qual foi solicitada a doação de um terreno localizado na zona comercial. E a segunda junto à Assembleia do Estado com o objetivo de sugerir a criação de um pequeno tributo (uma taxa por quilograma de mercadoria exportada através dos portos de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande), sendo o produto “exclusivamente empregado, nas cotas correspondentes aos portos específicos, na construção de edifícios para as sedes das associações comerciais de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande”. Dado o prestígio conquistado, ambas as reivindicações foram aceitas.
A construção do prédio não foi imediata. A própria crise econômica dos primeiros anos da década de 1930 foi um empecilho à execução do empreendimento. Também a concorrência pública aberta em 1931 teve todos os projetos rejeitados por não apresentarem os requisitos exigidos. Fato que se repetiria na concorrência pública seguinte, em 1935. Finalmente, a pedra fundamental do Palácio do Comércio foi lançada em 12 de outubro de 1937, sob a presidência de Alberto S. Oliveira, em uma cerimônia que contou com a presença de autoridades e convidados especiais. A inauguração aconteceu em 14 de novembro de 1940 com a presença de Getúlio Vargas, presidente da República, e Osvaldo Cordeiro de Farias, interventor federal no Estado.