Durante os tantos dias de cerimônias pela morte da simpática, discreta e autêntica rainha Elizabeth II e outros tantos documentários resgatados pela mídia sobre seu histórico e longevo reinado de sete décadas, destacaram-se nas imagens os sofisticados automóveis a serviço da realeza britânica.
Não é demasiado repetir que Elizabeth, quando ainda era princesa, trocava pneus de veículos militares durante a Segunda Guerra Mundial e, já nonagenária, mantinha o gosto de dirigir seus automóveis particulares – notadamente os da marca inglesa Range Rover – nas estradas rurais de suas propriedades.
Porém, há poucas referências sobre a devoção da rainha por São Jorge, santo padroeiro da Inglaterra e muito admirado no Brasil por católicos e umbandistas.
Nos eventos oficiais e deslocamentos pomposos da rainha Elizabeth II, a mascote original dos Rolls-Royce – que fica pousada sobre a tampa do radiador, acima da grade frontal –, a inconfundível e tradicional figura de uma mulher alada, batizada de “Espírito do Êxtase” (Spirit of Ecstasy), era substituída por uma estatueta prateada de São Jorge, que era colocada no mesmo local de grande visibilidade. E não só nos Rolls-Royce, mas também naquele Bentley State Limousine 2002 blindado, cor bordô-escuro, com vidros altos, tão presente nos desfiles.
Entre os Rolls-Royce da realeza, um especialmente importante é o do ano da coroação da rainha, o Rolls-Royce Phantom IV, de 1953.
Felizmente, graças ao advogado e especialista em história dos automóveis oficiais da Presidência da República, José Antônio Penteado Vignoli, foi desmistificada a versão de que Elizabeth II doou um Rolls-Royce ao governo do então presidente Getúlio Vargas. Na verdade, foram encomendados à fabricante britânica, pelo governo brasileiro, quatro automóveis da marca Rolls-Royce, quando Elizabeth nem rainha havia sido coroada. Dois deles costumam ser utilizados em desfiles em carro aberto durante a posse de presidentes e em comemorações cívicas como a Independência do Brasil.
Em 1968, na única visita que a rainha Elizabeth II fez ao Brasil, uma das 27 limusines Willys Itamaraty Executivo, mais especificamente a que atendia ao Ministério das Relações Exteriores, foi destinada para conduzir a soberana. Os veículos, que faziam parte da frota oficial, eram genuinamente produzidos no país pela Willys Overland do Brasil.
Mesmo realidades tão distantes não nos impedem de reconhecer e de sonhar com esta aura de “glamour”, protocolos e cerimônias reais, os quais sempre complementados por vistosos e reluzentes automóveis da coroa britânica.
Colaboração do aficionado em antigomobilismo Guilherme Ely