A colaboração a seguir foi enviada pelo pesquisador e historiador diletante João Paulo da Fontoura, que é membro da Academia Literária do Vale do Taquari (Alivat).
Caros leitores, por estes dias eu andava lendo um texto extenso do conhecido jornalista e escritor de vários e bons livros sobre a história do nosso Estado, o saudoso Carlos Reverbel (1913-1997), velho jornalista do antigo Correio do Povo. O título do texto é Evolução da Imprensa Rio-grandense e é parte integrante do livro Enciclopédia Rio-grandense – volume II.
No livro, ele descreve aos detalhes a história da nossa imprensa, iniciada em 1827 com o primeiro prelo e o primeiro jornal editado, Diário de Porto Alegre, com direito inclusive do registro iconográfico da página-capa, datado em "quarta-feira, 6 de junho de 1827". E neste texto, Taquari, de certa forma, está presente, pois quem registrou-o à posteridade foi o nosso professor Pereira Coruja, que titula nossa maior escola local.
Cito o texto do Reverbel, pois foi ele quem me deu o gatilho para falar um pouco do nosso O Taquaryense, que, no domingo (31), estará completando exatos 135 anos da sua primeira edição.
Sua fundação é registrada como em 15 de julho de 1887, mas a primeira edição ocorre 16 dias após, nas oficinas tipográficas do cidadão Tristão de Azevedo Vianna (1845-1923), sendo este o nome que aparece como proprietário e editor nessa primeira edição.
A fundação, de fato, é creditada ao jornalista Albertino Saraiva (1865-1928), um jovem visionário que, com apenas 22 anos, vara o Rio Taquari, vindo de São Jerônimo, para realizar seu sonho de realização pessoal. Logo o jovem Albertino desvencilha-se de seu sócio ao conseguir numerários para comprar sua parte e torna-se, de fato e de direito, o dono e fundador do, hoje, segundo jornal mais longevo (o primeiro é a Gazeta do Alegrete) do nosso Estado ainda em funcionamento.
O Taquaryense é, sem exagero retórico, um verdadeiro museu da comunicação social do nosso Estado, uma fonte permanente de visitação quase que diária por parte de professores, estudantes, historiadores etc.
Acompanhou e registrou em suas páginas eventos importantes da história gaúcha, brasileira e mundial, como a Lei Áurea de 1888; a Proclamação da República de 1889; a Revolução Federalista de 1893; o Movimento Tenentista de 1922, no Rio de Janeiro; a Revolução de 1923 para apear o Borges; a Revolta de 1924, em São Paulo, e sua extensão com a icônica Coluna Prestes de 1924 a 1927; a ascensão de Vargas em 1930; a sua deposição em 1945; os eventos de 1964; a redemocratização em 1985; as duas guerras mundiais e muito mais.
Até pouco tempo atrás, ainda era composto à mão, linha por linha, em componedores para depois ser fixado na rama, exclusivamente por tipos de chumbo, num processo que nos remete aos primórdios do Gutenberg, lá por volta de 1450. Como não há mais reposição desses tipos, e os existentes nas gavetas das velhas caixas de madeira estão excessivamente gastos, foi necessário adquirir-se uma moderna máquina linotipo, fabricada nos Estados Unidos em fins do século 19.
Vida eterna ao nosso querido hebdomadário!