Por Pedro Haase Filho, interino
A onda de imigração que se verifica em escala global nestes tempos, e que causa muitas reações adversas, já ocorreu em outros momentos históricos, com suas peculiaridades. O Brasil e, especialmente, o Rio Grande do Sul viveram e usufruíram, positivamente, de um processo imigratório marcante no século 19 e começo do século 20, com a vinda de levas e levas de alemães e italianos, além de outras etnias. Muitos desses imigrantes enfrentaram uma verdadeira saga para aqui chegar. São histórias que comovem seus descendentes e os incentivam a realizar os encontros familiares.
Talgatti
Essa realidade histórica do século 19 foi vivida pelo casal italiano Ângelo Augusto Talgatti e Maria Cavali, naturais de Vicenza, na região do Vêneto, que deve ter se sentido muito bem-vindo ao chegar em nosso território para não desistir do sonho de uma nova vida. Durante a travessia de longa duração pelo Atlântico, Maria deu à luz um filho que morreu durante a viagem, cujo corpo precisou ser jogado ao mar. Apesar da tragédia, o casal resistiu e decidiu manter os planos de recomeço no país que lhes acolheria.
Os dois se estabeleceram em São Leopoldo. Ângelo começou a trabalhar na construção de linhas ferroviárias da região. Tiveram quatro filhos, Santo, João, José e Jorge Augusto. Moraram, ainda, em Montenegro e Guaporé, até fixarem residência em Lagoa Vermelha, de onde os Talgatti se espraiaram pelo Brasil. Hoje em dia, além do Rio Grande do Sul, é possível encontrar descendentes dos dois imigrantes italianos em Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Para celebrar essa trajetória de vida, a quinta geração dos Talgatti promove um encontro familiar no próximo sábado, no salão da comunidade Santa Lúcia, na cidade de Getúlio Vargas. Contatos com Marco Talgatti, pelo telefone (54) 99947-2754.
Maders
Uma família alemã, os Maders, também viveu sua saga quando partiu de seu país rumo à terra que lhe prometia a perspectiva de dias melhores. Entre a primeira leva de imigrantes alemães que aportou no Rio Grande do Sul no século 19, estavam os pais e as duas irmãs de Johannes Maders, oriundos do atual Estado da Renânia-Palatinado. No decorrer da viagem, em 1827, o pai do jovem morreu durante uma tempestade que deixou a embarcação à deriva no Canal da Mancha, até chegar ao porto de Falmouth, na Inglaterra, onde os imigrantes permaneceram por dois anos.
De lá, finalmente, em janeiro de 1829, há exatos 190 anos, desembarcaram no Rio de Janeiro e, logo, seguiram viagem rumo ao Sul. No percurso, a mãe, Maria Magdalena, também morreu, deixando os três jovens órfãos. Johannes foi adotado por outra família de viajantes da mesma embarcação, os Kirsten, enquanto Christina foi acolhida pela família Feiten. Nada ficou registrado sobre o destino da outra irmã, Magdalena. Os Kirsten estabeleceram-se em Ivoti. Já os Feiten ficaram em Dois Irmãos. Johannes Maders casou-se com Catarina Unfried e passou a residir em Estrela.
Atualmente, seus descendentes estão espalhados por vários Estados, além de outros países, como Paraguai, Argentina e Alemanha. Muitos deles irão participar do 2º Encontro da Família Maders, a ser realizado no dia 26 de janeiro, na comunidade de Linha Alma, interior do município de Santo Cristo. Organizadores solicitam confirmações até 15 de janeiro pelo telefone (55) 98119-0209.