Inaugura-se hoje a exposição O Santíssimo em Adoração: 70 Anos do 5º Congresso Eucarístico Nacional, evento que integra as comemorações dos 215 anos da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia da nossa cidade, em parceria com a Arquidiocese de Porto Alegre. A mostra segue até o dia 17 de novembro, na sala Múltiplos Usos, no Centro Histórico Cultural Santa Casa.
Trata-se de uma oportunidade rara para o público conhecer relíquias da Igreja que até então não eram expostas e que foram produzidas originalmente para o evento aqui realizado, em 1948. A entrada é franca. Entre as peças está o ostensório, utilizado em algumas celebrações católicas, como a missa de Corpus Christi, confeccionado para a exposição solene do Santíssimo Sacramento na procissão de encerramento. Desenhado pelo arquiteto paulista Benedito Calixto de Jesus Neto, foi executado pela Casa de Prataria Manoel Alves Pinto, de São Paulo, para que se tornasse realidade. A comissão organizadora lançou uma campanha pró-ostensório, a fim de arrecadar prata, ouro e pedras preciosas.
Há 70 anos, em 28 de outubro de 1948, iniciava-se o 5º Congresso Eucarístico Nacional, cujo lema era ação social. Um evento católico que ressaltou a fé dos gaúchos e de todos os brasileiros da época. O congresso marcou o centenário de criação da Diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul, erigida canonicamente pelo beato papa Pio IX, em 7 de maio de 1848, pela bula Ad Oves Dominicas.
Cem anos mais tarde, em Roma, reinava glorioso o papa Pio XII, que morreria 10 anos mais tarde, em 1958. Em Porto Alegre, o arcebispo era o jovem dom Alfredo Vicente Scherer, de 45 anos. Scherer havia sido eleito e nomeado bispo titular de Hemeria e auxiliar do conde dom João Battista Becker, que, desde 1912, guiava com seu báculo forte a vasta arquidiocese gaúcha.
Adoentado há mais de uma década, o conde Becker, de origem alemã, mas radicado em Porto Alegre, pediu à Santa Sé um bispo auxiliar. Becker decidiu que seu auxiliar seria sagrado na festa de São Pedro e São Paulo do ano de 1946, mas não resistiu e morreu pouco antes, em 15 de junho daquele ano. A sagração de monsenhor Vicente Scherer ficou suspensa até 23 de fevereiro de 1947, quando o então núncio apostólico no Brasil, dom Carmo Chiarlo, conferiu-lhe a ordenação episcopal.
Na tarde do mesmo dia, Vicente Scherer tomou posse como 3º arcebispo da Capital. Ele tinha pela frente grandes desafios pastorais, entre os quais a conclusão das obras da Catedral Madre de Deus e a organização do 5º Congresso Nacional. Scherer guiou a arquidiocese até 1981.
Em 1969, entretanto, o papa Paulo VI o fizera cardeal, com o título presbiteral de Nossa Senhora da Salete. Dom Vicente Scherer morreu em 8 de março de 1996 e seus restos mortais repousam na Catedral Metropolitana.
A abertura solene do congresso se deu com uma missa pontifical cantada pelo arcebispo de São Paulo, o cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota. Nos demais dias, houve catequeses, primeiras comunhões e adoração ao Santíssimo Sacramento, exposto 24 horas por dia na centenária Igreja de Nossa Senhora das Dores. As santas missas eram celebradas no altar-monumento erguido no Parque Farroupilha. Na ocasião, fez-se presente, também, o presidente da República, o general Eurico Gaspar Dutra.
O 5º Congresso Eucarístico Nacional terminou em 31 de outubro, com missa e um solene cortejo com o Santíssimo Sacramento pelas ruas da cidade, coroando-se com o Angelus e a locução papal de Pio XII, que, de Roma, saudou os peregrinos gaúchos e brasileiros que se encontravam no congresso.