Nas décadas de 1940 e 1950, a fotografia passou por uma fase de transformações. Os tradicionais estúdios fotográficos davam lugar a novas possibilidades de utilização da fotografia. Surgiram, então, instituições que tinham como objetivo proteger e divulgar as aspirações da categoria que se dedicava à obtenção de imagens.
Entidades como a Associação dos Fotógrafos Profissionais do Rio Grande do Sul (AFPRGS, 1946-1954), o Foto Cine Clube Gaúcho (1951) e a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematógrafos do Rio Grande do Sul (Arfoc, 1956) passaram a reunir interessados em diversos segmentos da atividade fotográfica. Esses espaços eram mecanismos de valorização social da atividade, além de apontarem os caminhos da especialização, que se aprofundou nas décadas subsequentes.
Os fotógrafos de eventos, de retratos, de publicidade, de arquitetura ou do fotojornalismo foram encontrando seus nichos de atuação, cada vez mais definidos. As câmeras portáteis, pela agilidade que trouxeram, ofereciam uma extensa possibilidade de inserção da fotografia nas mais diferentes áreas. O governo e as secretarias de Estado também passaram a fazer uso de imagens fotográficas, como objeto de planejamento, de controle urbano e de divulgação das suas realizações.
Sioma Breitman (1903-1980) e João Alberto Fonseca da Silva (1920-2011) foram fotógrafos importantes no período, e suas trajetórias são fortes evidências destes novos lugares da fotografia em Porto Alegre. João Alberto ingressou na fotografia como laboratorista do Serviço Geográfico do Exército, onde trabalhou com levantamentos aéreos. Após, trabalhou na Secretaria de Obras Públicas. No início dos anos 1950, montou um estúdio, onde desenvolveu trabalhos para a arquitetura e a publicidade.
Sioma Breitman começou a trabalhar com fotografia fazendo retoques. Abriu cinco estúdios em cidades do interior do Estado e na Capital. Foi um dos responsáveis pelo surgimento da Associação dos Fotógrafos Profissionais do Rio Grande do Sul, onde organizou salões de arte fotográfica e trabalhou para a constituição de cursos regulares de formação e capacitação em fotografia.
A AFPRGS teve curta duração, apenas oito anos, mas foi responsável por eventos relacionados à arte fotográfica e também como uma iniciativa deste novo princípio pelo qual se estruturava a atividade fotográfica. As condições de trabalho eram um dos problemas, creditados principalmente à falta de uma associação que regulasse a atuação profissional. A iniciativa de criar a AFPRGS, atribuída, principalmente, a Sioma Breitman e a Olavo Dutra, visava agregar os fotógrafos.
Em 1951, a associação contava com mais de 200 fotógrafos filiados. O ponto alto das atividades da associação parece ter sido em 1952, com o 1º Salão Internacional de Arte Fotográfica e com a edição de número 3 da publicação semestral da AFPRGS, que se chamava O Fotógrafo. Além dos salões e da publicação, havia os concursos internos, as participações em outros salões de abrangência nacional e a organização de cursos de aperfeiçoamento. A associação foi a primeira da qual se tem notícia a utilizar o termo “profissional” no Brasil.
Fonte: Fotógrafos, Espaços de Produção e Usos Sociais da Fotografia em Porto Alegre nos Anos 1940 e 1950, dissertação de mestrado de Rodrigo de Souza Massia (2008).
Colaborou Guilherme Ely.