A introdução do futebol no Brasil, quase todo mundo sabe, é atribuída a Charles Miller, um jovem brasileiro que, após viagem pela Inglaterra, em 1895, trouxe duas bolas de futebol e passou a tentar converter a comunidade de britânicos de São Paulo de jogadores de críquete em futebolistas. No mundo, exercícios militares ou esportivos que estariam na origem do futebol foram praticados por várias civilizações, desde tempos longínquos, em diversos lugares do planeta.
Na China, aproximadamente 3000 a.C., havia o tsu-chu – que teria sido criado por Yang-Tsé, integrante da guarda do imperador Huang-Ti –, um treinamento militar que, traduzindo, significa “lançar com o pé” (tsu) uma “bola de couro” (chu). A bola era chutada pelos soldados chineses por entre duas traves cravadas no chão. Um detalhe tétrico é que, antes de o tsu-chu possuir uma bola de couro para a sua prática, eram crânios dos inimigos mortos em guerra que serviam como bola. Na Grécia Antiga, foi criado um esporte também semelhante ao futebol, chamado epyskiros.
Na América Central, dizem, os maias jogavam um esporte chamado pok-a-tok, com uma bola de borracha. No Japão, haveria uma modalidade parecida com o futebol chamada kemari, disputada com uma bola feita com as fibras do bambu em um campo de 200 metros quadrados. Durante a Idade Média, era praticado na cidade de Ashbourne, na Inglaterra, um esporte similar ao futebol. Na França, era disputado, por nobres e plebeus, o soule.
Aqui no Rio Grande do Sul, segundo o pesquisador Emiliano Limberger, coordenador do Instituto Pró-Memória Sepé Tiaraju, sem pretender obviamente obnubilar o reconhecido mérito de pioneiros, como o Sport Club Rio Grande (fundado em 19 de julho de 1900), ou dos fundadores do Grêmio (1903), entre outros, “o mais longínquo pioneirismo nesta área esportiva remete às nossas Missões – século 16. Isto, inclusive, constante em registro histórico de jesuítas da época em nosso meio, que confirmam terem nosso herói máximo, Sepé Tiaraju, e os seus compatrícios já então praticado este esporte”.
De imediato, surgem as contestações: donde teriam obtido a bola? “Ora, foram eles, os missioneiros, tendo à frente o líder Cristóvão de Mendoza e Orellana SJ, que introduziram por cá a gadaria. Pois destas reses extraíram o couro, o qual – como lídimos artesãos – elaboraram convenientemente... pois a mesma vaca tinha sua bexiga...”, afirma Emiliano. Recentemente, aproveitou-se o ensejo da oitava edição da Semana Missioneira (criada pela lei número 13.579/10) e evocou-se também esse assunto em Tabaí, além de tantos outros.
“Palestrando a escolares dos educandários municipais, comentou-se algo, aliás, mais fundamental desta variegada herança: o futebol missioneiro era praticado cooperativamente, sem adversário a dominar, infligindo-lhe derrota, para vitoriar-se. Tratava-se de autêntica exercitação física saudável, a qual modernamente se viu excluída, substituída pelo mercantilismo capitalista, com todos os seus vícios e contradições...”, afirma o pesquisador.
Rapidamente, o futebol tornou-se uma grande paixão para os brasileiros, quase uma religião, e frequentemente o Brasil é referido como “a pátria de chuteiras” ou o “país do futebol”, muito por conta das conquistas internacionais da Seleção Brasileira, que é a mais vitoriosa do futebol mundial.
Segundo pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas, o futebol movimenta R$ 16 bilhões por ano, tendo 30 milhões de praticantes (aproximadamente 16% da população total). Existem cerca de 800 clubes profissionais, 13 mil times amadores e mais de 11 mil atletas federados.
Colaborou Emiliano Limberger. Fonte: Football Asociación, de José Elias y Juncosa