Hoje, dia 11, comemora-se o 153º aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, data magna da Marinha do Brasil. O 5º Distrito Naval, em Rio Grande, terá uma programação alusiva, em que serão homenageados três heróis navais: o almirante Joaquim Francisco dos Santos Abreu (1836-1895), o capitão de Mar e Guerra Felinto Perry (1844-1892) e a senhora Maria (Polocena) Pulcena Dias (?-1865), em nome de seu filho, o imperial marinheiro Marcílio Dias (1838-1865). Como sabemos, o patrono da Marinha Brasileira é o gaúcho Joaquim Marques Lisboa (1807-1897), conhecido como Almirante Tamandaré, mas estes outros gaúchos também tiveram papel importante na Guerra do Paraguai (1864-1870).
Embora conste oficialmente como sendo a cidade de Rio Grande seu local de nascimento, a 13 de março de 1836, Joaquim Francisco dos Santos Abreu é considerado pelos lourencianos como nascido no sobrado da Fazenda São Lourenço, junto à foz do Arroio São Lourenço, à beira da Lagoa dos Patos, onde passou a maior parte de sua infância e adolescência e onde também nasceram seus irmãos. Ingressando na Marinha em 1851, Joaquim Francisco, filho de Antônio Francisco dos Santos Abreu e Perpétua da Silva Santos Abreu (sobrinha de Bento Gonçalves), chegaria por mérito ao almirantado, mais alto posto da carreira militar naval, notabilizando-se na Guerra do Paraguai por comandar, com feitos heroicos, ainda como primeiro-tenente, a canhoneira Belmonte na Batalha do Riachuelo.
Almirante Abreu morreu em Rio Grande (em cujo cemitério está sepultado), a 13 de julho de 1895, meses antes de completar 60 anos de idade. Em sua homenagem e um ano e meio após a sua morte, a Marinha de Guerra do Brasil resolveu encomendar uma imponente belonave, que seria construída no estaleiro Armstrong, Mitchell & Co. de Elswick (Newcastle Upon Tyne), no Reino Unido, recebendo, por meio do aviso de 12 de dezembro de 1896, o nome de Cruzador Almirante Abreu. Teria 107 metros de comprimento, quase cinco metros de calado, blindado, 14 canhões, três metralhadoras, três tubos lança-torpedos, dois motores, velocidade de 2.5 nós, deslocaria 3,437 mil toneladas, previsto para ter uma tripulação de 307 homens, sendo 24 oficiais e 283 praças.
O batimento de quilha (cerimônia que marca o início da construção de um navio) deu-se em 1897, e o seu lançamento ao mar, em 14 de janeiro de 1899. Embora nominalmente com bandeira e guarnição brasileiras, o majestoso vaso de guerra foi vendido, ainda em construção, em 15 de março de 1898, juntamente com seu irmão Amazonas – da mesma classe dos cruzadores Barroso (1896-1931) e do chileno Zenteno –, por 350 mil libras, pelo presidente da República Prudente de Morais, ao governo americano. Foi incorporado, em 29 de maio de 1900, com o nome de USS Albany, à frota da U.S. Navy, que reforçava a sua força em consequência da Guerra Hispano-Americana. Nosso Cruzador Almirante Abreu serviria à Marinha de Guerra americana até 13 de novembro de 1929, quando recebeu baixa definitiva, sendo vendido para desmanche em 1930.
Colaboração de Edilberto Luiz Hammes, médico e historiador lourenciano