O início da circulação dos cartões-postais no Rio Grande do Sul, com temática regional, principalmente a paisagem urbana, aconteceu no final do século 19, quase ao romper de 1900.
O editor João Mayer Júnior foi um dos precursores do uso da fotografia com cenas do Rio Grande do Sul. Artistas pintores, como Vicente Cervásio, Francis Pelichek e Otto Schönwald, aqui radicados, tiveram algumas de suas pinturas e desenhos estampados em cartões-postais ao longo das décadas de 1930 e 1950. Mas, na divulgação da arte sobre cartão-postal, um dos mais pródigos foi Joseph Franz Seraph Lutzenberger, ou simplesmente José Lutzenberger, como ficou conhecido.
Artista alemão, nascido em 13 de janeiro de 1882, em Altoettg, na Baviera, engenheiro-arquiteto de formação, veio para o Brasil em 1920 para trabalhar em uma firma construtora pelo período de cinco anos. Em Porto Alegre, conheceu a sua esposa, Emma Kroeff, e constituiu família, permanecendo em definitivo na Capital. A ele, devemos alguns dos mais belos edifícios que embelezam Porto Alegre: Pão dos Pobres, Igreja São José e Palácio do Comércio. Contudo, foi através dos cartões-postais que se tornou conhecida a sua arte e vulgarizou-se o seu domínio como desenhista, ilustrador em bico de pena e aquarelista.
Ele deixou pelo menos cinco conjuntos de cartões-postais em cadernetas, hoje raras, intituladas: Porto Alegre de Hontem, O Colono, O Gaúcho, O Caixeiro Viajante e Gaúchos. Nestes cartões, mostra-se um agudo cronista dos usos e costumes da sociedade urbana e rural. Na maioria de seus trabalhos, usava um logotipo como assinatura, que consistia na união das letras J e L e pode ser buscado ora em uma pedra, na vegetação ou na marca de um cavalo. Todos os conjuntos têm a dimensão de 9,5cm x 14cm.
Além destes cartões-postais, mas em formato de lâminas com 21cm x 16cm, com 25 unidades, foi publicada a série Lendas-Brasileiras, com textos dos integrantes do 35º Centro de Tradições Gaúchas, Ciro D. Ferreira, Ivo Sanguinetti, J.C. Paixão Côrtes e Luiz Carlos Barbosa Lessa, pela Livraria Pluma de Porto Alegre, em 1940.
Joseph Lutzenberger, vitimado pelo câncer, morreu em Porto Alegre no dia 2 de agosto de 1951, deixando uma obra tão extensa quanto bela na arte e na arquitetura.
Colaboração: Miguel Duarte