No último sábado (9/4), o Restaurante Copacabana foi cenário de um raro encontro. Atendendo a um convite-convocação para jornalistas "com quase 80 anos, que já chegaram lá ou ultrapassaram essa barreira...", quase uma centena de velhos colegas atendeu ao chamado promovido por Carlos Bastos, Ibsen Pinheiro e Núbia Silveira. Antigos companheiros e amigos se reuniram para um abraço fraterno, recordar o convívio profissional e buscar reminiscências.
O decano da turma, Ib Kern, nasceu em 1919, em Taquari/RS, e iniciou no jornalismo em 1953, no Diário de Notícias. Da Revolução de 1923, quando tinha apenas quatro anos, para cá, tudo o que aconteceu ele testemunhou ou reportou. Na brincadeira, os colegas dizem que ele não chegou a ver o bíblico Dilúvio, mas afirmam com convicção que Ib chegou a pisar na lama. Quando Flávio Tavares, falando emocionado de cima de uma cadeira, disse que todos nós devemos muito ao Ib, a resposta foi estrondosa salva de palmas. Não sem motivo. Flávio é grato a Ib, afinal, foi através dele que ingressou na brilhante carreira que ainda trilha. A atuação de Ib Kern foi decisiva na elucidação do episódio conhecido como Carta Brandi. Jovens da era da pós-verdade..., ao Google!
O primeiro a falar foi Ibsen Pinheiro. Com o habitual brilho de sua verve, atestou que as coisas, hoje, são muito diferentes, que antes, para encontrar os companheiros, bastava andar pela Rua da Praia e escolher o grupo do qual se queria participar: tinha o da política, o do futebol etc. Ibsen também citou os nomes de vários colegas que poderiam ter participado do encontro, mas que, por um motivo ou outro, não compareceram. No final de sua fala, fez uma referência especial a Paulo Sant'Ana, lembrando que o Gre-Nal, a eterna divergência clubística, tanto os dividiu quanto os aproximou por quase uma vida inteira. Do Rio de Janeiro, veio José Silveira. Lauro Quadros e Ruy Carlos Ostermann puderam se reencontrar. Hugo Hammes, um dos mais antigos jornalistas de Porto Alegre, também estava lá, como tantos outros. Havia uma cadeira de rodas e algumas bengalas, afinal, o tempo passa. Mais importante que tudo: havia ali muita vida vivida, muita experiência e histórias a serem compartilhadas. Um lindo e cordial congresso de testemunhas da nossa história recente e do nosso tempo.