Após um hiato em que não deu notícias e muitos de seus admiradores temeram que nunca mais retornasse, a Odisseia de Literatura Fantástica fez o que já fizeram muitos heróis clássicos: voltou. O seminário dedicado a pôr em discussão obras e autores de gêneros como ficção científica, horror e fantasia será realizado a partir da próxima sexta-feira, dia 8, até domingo, com debates que discutem do cinema à literatura, dos quadrinhos à inspiração que um escritor brasileiro poderia encontrar na cultura nacional. A entrada é franca.
Esta é a quinta edição de Odisseia de Literatura Fantástica, iniciada em 2012, mas que passou por uma recente pausa de três anos – a quarta edição havia sido realizada em 2015. Os organizadores explicam que a parada temporária foi motivada por diversos fatores.
– Foi uma combinação de várias coisas. Cansaço, excesso de atividades dos organizadores, que tinham outros diversos interesses para tratar ao mesmo tempo, e falta de apoio e patrocínio. Depois do primeiro ano, a gente foi atrás de editais públicos. Até se concretizar, demorou mais um tempo – diz Cesar Alcázar, um dos coordenadores do evento e também idealizador do recente festival Porto Alegre Noir, realizado em abril.
A programação prevê três dias de atividades, a presença de 50 escritores engajados em atividades como oficinas, mesas de debates, sessões de autógrafos ou simples trocas de ideias no local do evento. Também haverá uma programação para escolas e a presença oficial de cinco fãs-clubes de universos fantásticos, como o de Harry Potter ou o das histórias do escritor americano H.P. Lovecraft (1890 – 1937). Haverá também uma feira de livros e uma exposição, mapeando a própria história da ficção fantástica produzida no Brasil.
Uma olhada pela programação mostra que esta edição tem como objetivo não apenas apresentar várias vertentes da literatura fantástica, mas deixar claro que está em curso um movimento no qual um número cada vez maior de autores brasileiros se dedica a esses gêneros.
– Já na primeira edição a Odisseia tinha o propósito de divulgar também escritores locais, chamar a atenção para autores. A programação engloba gêneros diferentes do fantástico, como ficção científica, fantasia. Temos este ano autores que estão se estabelecendo, estamos mostrando uma tradição se constituindo – diz Duda Falcão, outro dos curadores do evento.
Mesas com escritores em plena atividade, como Felipe Castilho, da fantasia épica Ordem Vermelha: Filhos da Degradação, ou a gaúcha Simone Saueressig, autora de Os Sóis da América, dividem a programação com uma oficina sobre a obra de Jerônymo Monteiro (1908 – 1970), pioneiro da ficção fantástica no Brasil, ministrada pelo editor Silvio Alexandre, criador da Fantasticon, simpósio de literatura fantástica realizado em São Paulo e que inspirou a criação da Odisseia.
– É uma programação bem variada, para todos os gostos e que tem muita coisa a dizer sobre a atual situação do Brasil, tanto politicamente quanto culturalmente, já que estamos em um momento em que todo evento cultural é também um evento de resistência – diz Alcázar.
AUTOR HOLANDÊS É A
ATRAÇÃO INTERNACIONAL
O convidado internacional do evento é o escritor holandês Thomas Olde Heuvelt, que inclui a Odisseia na turnê de lançamento do livro Hex, seu primeiro romance e também o primeiro de seus livros a ser lançados no Brasil, pela editora DarkSide. Hex é uma história de horror contemporânea sobre uma cidade do interior dos Estados Unidos que ainda é assombrada pela presença de uma mulher condenada à morte pelos puritanos do lugar 300 anos antes. O original na abordagem é que a bruxa, aparentemente inofensiva, é um segredo mantido com mão de ferro imposta a todos os habitantes da cidade.