Cerca de oito a cada dez pacientes tratados em estado gravíssimo nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) de Porto Alegre estão confirmados ou suspeitos para a covid-19, segundo dados deste domingo (21) do painel da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) abastecido pelos próprios hospitais.
Dos 1.128 pacientes em estado crítico da capital gaúcha, 884 tinham confirmação ou sintomas para o Sars-CoV-2. O cenário ilustra o crescimento exponencial da pandemia, no qual a demanda por leitos não é acompanhada pela velocidade de criação de novos leitos. Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), em média são necessários 10 profissionais para cada UTI.
A lotação das UTIs na capital gaúcha chegou aos 114,87% por volta das 18h deste domingo. Havia pelo menos 241 pessoas na fila por um leito crítico em emergências e Unidades de Pronto-Atendimento da cidade.
A pior situação era no Hospital Moinhos de Vento, um dos melhores da América Latina, que atendia com mais de 160% de lotação. Em seguida, a segunda maior sobrecarga era no Hospital Ernesto Dornelles, que operava com quase 150% de uso. O Hospital Porto Alegre era o único que não havia atualizado os dados até o fim da tarde.
Quando um hospital opera com lotação acima dos 100% é porque há pacientes instalados em áreas fora de UTI, como na emergência, em leitos clínicos ou no bloco cirúrgico.
Há um grande grau de improvisação, com médicos não especializados deslocados para tratar pacientes, em regime de grande sobrecarga de trabalho, o que eleva a chance de mortalidade para um paciente.
Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que 80% dos intubados de fevereiro a dezembro de 2020 por covid-19 no Brasil morreram. A média mundial é de 50%.
Médicos e epidemiologistas vêm afirmando que a ocupação de UTIs e de leitos clínicos no Rio Grande do Sul está chegando a uma falsa estabilidade, gerada pela falta de vagas. Março já é o mês mais letal da pandemia.