Com unidades de terapia intensiva (UTIs) colapsadas, Porto Alegre começa a ver uma gradativa redução na fila de espera por leitos nesse setor. Nesta segunda-feira (29), havia 197 pessoas em estado grave aguardando uma vaga para tratamento de qualquer doença, incluindo coronavírus – 29% a menos do que na segunda-feira da semana passada.
Os dados são do painel da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), foram informados pelos próprios hospitais e consultados por GZH por volta das 15h30min.
O cenário de relativa melhora deve ser interpretado com ressalvas, uma vez que médicos destacam que hospitais continuam a viver um “cenário de guerra”. Quando há superlotação, pacientes são atendidos em camas ou corredores de unidades de pronto-atendimento (UPA), em leitos clínicos, emergências ou blocos cirúrgicos. Recebem, portanto, um atendimento menos efetivo e correm maior risco de morte.
A lotação das UTIs hospitalares da capital gaúcha atingiu 109%, com 1.103 pacientes hospitalizados para 1.015 vagas. O ideal, segundo especialistas, é que a ocupação fique entre 80% e 85%.
— Parece ter uma reduzida na chegada de pacientes aos hospitais. Mas está longe de estar próximo ao normal. Nossa ressalva é de que caiu o número de casos, mas segue (em patamar) extremamente elevado. No momento em que você instaura a vida normal, pode ser um gatilho para um novo aumento de casos e de hospitalizações. Não está baixo, está reduzindo. Está um pouco menos caótica a situação — afirma o infectologista Alexandre Zavascki, médico no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor de Infectologia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Como as UTIs da capital gaúcha estão sobrecarregadas e não há como abrigar mais pacientes, o crescimento no número de internados é pequeno – portanto, GZH seguiu a orientação de especialistas e passou a olhar a fila de espera por um leito.
De todos os pacientes em estado grave que estão sendo atendidos em leitos intensivos, 79% são confirmados ou suspeitos para coronavírus, o que indica o potencial da covid-19 em afetar a saúde das pessoas.
Dos 18 hospitais de Porto Alegre com UTIs para adultos, 14 estão com 100% ou mais de lotação. O pior cenário é no Moinhos de Vento, com 160% de ocupação.