Correção: Ana Costa é diretora do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde da SES, e não secretária adjunta como publicado entre 18h24min e 20h39min de 11 de fevereiro. O texto foi corrigido.
Embora municípios do Litoral Norte temam a falta de vacina para imunizar idosos residentes e também os veranistas, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) garante que a primeira dose da vacina contra a covid-19 pode ser tomada na praia e a segunda na cidade onde a pessoa reside, respeitando os critérios que estabelecem os grupos prioritários e observando o laboratório fabricante da primeira dose aplicada. O controle da aplicação, incluindo data, local, laboratório e lote de fabricação é registrado em um sistema do Ministério da Saúde, e pode ser acessado em qualquer município.
Segundo Ana Costa, diretora do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde da SES, a migração das pessoas é prevista na estimativa populacional que baseia a distribuição das remessas. Ela garante que o Estado vai manejar a situação, que é comum em campanhas de vacinação.
— É importante as pessoas saberem que isso sempre acontece em campanhas de vacinação porque as populações migram. Em situações normais isso já esperado, e no caso da covid, com o teletrabalho e os idosos terem ido para perto de um familiar que está menos exposto, houve toda uma migração além da que já acontece no verão. Todo e qualquer ajuste necessário vai sendo feito no decorrer da campanha com as equipes técnicas do Estado e dos municípios. Tudo isso sempre aconteceu, esses controles são bastante comuns para as equipes das unidades de saúde — esclarece Ana.
Ela destaca que os cuidados como uso da máscara, de álcool gel e o respeito ao distanciamento devem ser mantidos mesmo após a aplicação da vacina. E lembra que há critérios estabelecidos para a campanha de imunização.
— É a primeira vez, desde que eu trabalho no SUS, que eu vejo fracionamento dentro do mesmo grupo. Isso traz uma certa ansiedade, mas o importante é que chegarão vacinas e a gente, gradativamente, vai vacinar todos do grupo prioritário — tranquiliza.
Ao contrário do que diz a SES, municípios do Litoral estão informando que as duas doses devem ser aplicadas na mesma cidade. Qual a orientação correta?
Ana Costa: Não há restrição de aplicação da vacina para quem não é residente. Se o idoso tomou a primeira vacina no Litoral e retornou para sua cidade de origem terá a segunda dose, de acordo com o tipo de vacina. O importante é que o laboratório seja mantido. Isso fica registrado em um sistema do Ministério da Saúde e que pode ser acessado pelas equipes em qualquer município. Não é algo restrito. Se tiver um paciente que se deslocou a gente procura ele no sistema e encontra que dia se vacinou, qual foi a vacina, todas as informações pertinentes.
O controle do laboratório da vacina, para garantir que serão as duas doses do mesmo fabricante, cabe ao usuário ou os serviços farão essa checagem no momento da aplicação da segunda dose?
O vacinador deve sempre fazer a checagem. Sempre que o usuário puder levar a sua carteira de vacinação, ajuda a equipe. Mas a equipe vai registrar a segunda dose para esse mesmo paciente e vai olhar qual foi a primeira dose que ele tomou. É importante o usuário saber o intervalo entre as doses para organizar a sua rotina. Mas quem verifica o laboratório é a equipe de saúde do município. A segunda dose da Coronavac será ministrada 28 dias após a aplicação da primeira dose. Já para a Oxford/AstraZeneca, a aplicação da segunda dose está prevista para ocorrer em 12 semanas, porque essa é uma característica desse imunizante.
O comprovante de endereço pode ser exigido pelos municípios no momento da aplicação?
Essa não pode ser uma exigência para a aplicação da vacina. É bom que a pessoa tenha consigo, mas muitas vezes ela pode estar em outra cidade e não ter. É importante que o endereço registrado seja o de residência, não o temporário. O idoso não pode ser impedido de ser vacinado na praia por não ter comprovante de residência. O que é obrigatório é que ele tenha um documento que comprove a sua idade, porque esse é o critério.
Estão sendo enviadas mais doses para o Litoral para suprir a demanda dos veranistas?
O Estado trabalha sempre com estimativas populacionais. O aumento de população no Litoral para este período foi estimado, já que é comum em situações normais e se intensificou em função da pandemia. O envio das vacinas é feito de acordo com a cobertura de 100% das pessoas idosas, incluindo moradores e veranistas. Isso é feito por estimativa e qualquer adequação necessária no decorrer da vacinação é trabalhada pelo Estado junto ao Conselho de Secretários de Saúde para que se façam os ajustes naturais.
Até agora as cidades estão recebendo remessas para as primeiras doses dos grupos de idosos. Para a segunda dose, como será calculado o tamanho das remessas, considerando que uma pessoa que recebeu a primeira em Torres, por exemplo, pode estar em Caxias do Sul nesse segundo momento?
Esses movimentos acontecem e todas as estimativas são trabalhadas. Toda e qualquer movimentação de idosos que sobram em um lugar e faltam em outro, por exemplo, são feitas naturalmente. Já é assim em outras rotinas de vacinação. Tudo isso é observado junto com o conselho de secretários de Saúde para que a gente ajuste qualquer diferença que possa acontecer. Isso é esperado e observado nas nossas equipes.
Não há o risco de sobrar vacina no Litoral com o fim do veraneio, se as pessoas voltarem para as cidades de origem, tendo em vista que alguns municípios litorâneos têm aumentos expressivos na população somente durante a temporada de verão?
As vacinas têm chegado em pequenas remessas e a gente faz o envio regular. Os municípios só partem para os grupos seguintes conforme vão terminando as ações nos grupos anteriores. Isso aconteceu nos profissionais de saúde. Conforme a chegada das doses, vai se fazendo os ajustes dos excedentes. Por exemplo, profissionais de saúde que trabalham em Porto Alegre, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Ele pode ser residente em uma cidade e ter sido vacinado no hospital de outra cidade. Quando as vacinas chegam, a orientação é sempre cumprir um grupo para seguir ao próximo. Essa orientação é ato contínuo.