O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se mostrou esperançoso em relação à pesquisa inédita que a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) faz sobre a imunidade da população brasileira ao coronavírus. Para ele, o "inquérito epidemiológico" que está em andamento no sul do Estado pode trazer novas diretrizes para possíveis estratégias de contenção da epidemia.
Desde 29 de março, o governo federal demonstrou interesse em ampliar a iniciativa para o restante do país. Nesta quarta-feira (15), o Ministério da Saúde divulgou que encaminhou 33 mil testes rápidos para o Departamento de Epidemiologia da universidade. A instituição irá mapear a parcela da população que já desenvolveu anticorpos que combatam a covid-19 — e como eles foram criados pelo organismo. Esses testes serão aplicados em 133 municípios.
Mandetta explicou a pesquisa na coletiva desta terça-feira (14):
— O objetivo é testar a presença de anticorpos. É um marco zero agora, vamos fazer outro mais pra frente. Com esse inquérito epidemiológico, conseguiremos saber com que velocidade estamos ganhando anticorpo contra a doença, para que a gente tenha confiança em saber que a nossa população está andando no ritmo de autovacinação.
O levantamento ganha importância em um cenário no qual a maioria dos casos de coronavírus (85%, segundo o próprio ministério) não será detectado por meio de sintomas. O mapeamento da população que já está imune ao vírus dá ferramentas para que as secretarias estaduais possam redistribuir leitos e testes em regiões onde há maior possibilidade de aumento de casos.
— Tem muita gente assintomática que ganha anticorpos ou mesmo pessoas com sintomas leves e, por isso, nem procuram atendimento. Temos ainda as formas intensas, graves e críticas. É o somatório disso que nos dará a imunidade — detalhou Mandetta.
A primeira fase do estudo ocorre desde o último dia 6 e é baseada na realização de 18 mil entrevistas no Rio Grande do Sul. A segunda fase, ampliada para todo o Brasil, deve ser iniciada na quinta-feira (16). O teste detecta a presença de anticorpos IgM (de infecção mais recente) e IgC (de infecção mais antiga) a partir de amostras de sangue coletadas. Os resultados serão informações mais precisas para as estatísticas de números de infectados, velocidade da contaminação e taxa de letalidade.