Conhecido pelo turismo de verão, o litoral norte gaúcho tem entre seus 23 municípios atrativos que valem ser conferidos nas quatro estações. Além das praias da costa, há cascatas em meio a porções da Mata Atlântica, mirantes, paredões rochosos e até pontos para contemplação do pôr do sol a partir das lagoas que banham a região de ponta a ponta.
Alguns destinos, talvez, já tenham sido vistos da beira da estrada e não receberam a atenção que merecem. Outros ficam mais escondidos e só são acessados por trilhas em meio à mata nativa. E há aqueles que de tão incorporados no dia a dia do local, acabam passando despercebidos.
GZH selecionou e visitou cinco destinos em diferentes partes do Litoral Norte que já recebem turistas, mas ainda são mais frequentados pelos moradores da própria região.
Praia das Cabras - Cidreira e Tramandaí
De um lado, o oceano e 6,5km de uma praia quase deserta entre Salinas, em Cidreira, e Jardim do Éden, em Tramandaí, onde os carros têm permissão de estacionar na areia. Do outro, mais de 10km de dunas móveis com piscinas de água transparente.
Cortada pela RS-786, a praia das Cabras tem cerca 40 hectares de dunas móveis do lado do oceano e lagoas (da Fortaleza, Manuel Nunes e do Gentil) e banhados do outro lado da estrada. Por conta da imensidão de dunas e de uma natureza ímpar, a região passou a ser chamada carinhosamente de Lençóis Cidreirenses, por lembrar, nas devidas proporções, o cenário dos Lençóis Maranhenses.
A maior parte dos frequentadores do trecho liberado para os veículos é formada por pescadores e marisqueiros, mas há espaço para quem prefere somente dar um mergulho no mar. Como não há quiosques ou qualquer outro serviço de alimentação em quilômetros de praia ou no trecho de dunas, é preciso lembrar de levar água, lanche e uma sacola para colocar os restos e levá-los depois para o descarte correto. Também não há guaritas de guarda-vidas no trecho.
A praia ainda carrega a lenda de ter supostamente sobre ela uma espécie de portal para outra dimensão. Pescadores da região contam já terem avistado objetos voadores não identificados (óvnis) sobre a lagoa, luzes desconhecidas movimentando-se e desaparecendo misteriosamente no céu naquele trecho e há até relatos de motoristas que tiveram os carros parando de funcionar por minutos na rodovia.
Mirante Rota do Sol - Itati
Quem sai da serra gaúcha rumo ao Litoral Norte e vice-versa, provavelmente, já fez alguma parada no mirante localizado no km 4, da RS-486, em Itati. E, se não fez, está perdendo uma das paisagens mais singulares da Rota do Sol.
O ponto fica na mesma área de um restaurante e café, onde é possível fazer uma refeição completa ou um lanche rápido. Uma dezena de balanços voltados para o cenário natural garantem a produção de fotos que irão direto para as redes sociais.
No mesmo local há também o Ecoparque Itati, que oferece sky bike, onde é possível pedalar 440 metros sobre cabos suspensos a 60 metros de altura, e um balanço especial instalado à beira da montanha com uma altura de 60 metros. Para ambas as atividades é obrigatório o agendamento pelo telefone (51) 99683-0756.
Do mirante, que lembra um coreto, avista-se cânions à distância, a descida da Serra rumo ao Litoral e até a chuva passando ao longe, como ocorreu no dia em que a reportagem esteve no local. Há também uma área cercada de onde é possível contemplar a paisagem e guardar memórias. Do mirante até Capão da Canoa são cerca de 65km.
Poço das Andorinhas - Três Cachoeiras
Em meio à mata nativa, uma queda d'água de quase cinco metros de altura destaca-se na localidade de Alto Rio do Terra, em Três Cachoeiras, a 25 quilômetros de Torres. Lapidado nas pedras de basalto, o Poço das Andorinhas é um refúgio para quem deseja tranquilidade e águas cristalinas.
Mas é preciso cuidado na piscina natural, embora o banho seja convidativo. No dia em que a reportagem esteve no local, pouco mais de 10 passos na água e a profundidade já passava dos dois metros. Quem não sabe nadar não deve se afastar do ponto onde ainda aparecem as pedras no fundo - a uma distância de dez metros da queda d'água.
O local é tranquilo e o sol só ocupa todo o espaço no horário do meio-dia. A trilha para chegar à cascata tem menos de 100 metros e pode ser acessada também por crianças, acompanhadas dos responsáveis, e idosos. Do estacionamento, inclusive, é possível ouvir o som da cascata. No local não é permitido fazer churrasco ou acampar. Então, o aconselhável é levar lanche e uma sacola para guardar os restos e destiná-los num local correto.
Na mesma área há, também, o Poço dos Morcegos. O acesso é por uma escadaria, ao lado da entrada para o Poço das Andorinhas. São cerca de dez minutos de caminhada numa subida íngreme.
A entrada em ambas as quedas d'água é gratuita e o passeio pode ser feito por conta própria ou alugando com agências locais.
Gruta Nossa Senhora de Lourdes - Dom Pedro de Alcântara
Esculpida pela natureza há milhares de anos, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes foi descoberta ao acaso, por um grupo de imigrantes que costumava escalar o morro para contemplar a paisagem do alto dele. Numa destas caminhadas, eles teriam encontrado uma pequena imagem de Nossa Senhora.
A partir de um projeto idealizado pela igreja católica, foi colocada uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes na gruta. Em fevereiro de 1950, a comunidade da Colônia São Pedro de Alcântara e o bispo diocesano de Caxias do Sul, Dom José Bárea, inauguraram o santuário.
Moradores locais doaram a escadaria de 117 degraus que leva até a gruta e de onde se tem uma das vistas mais amplas da região. Não há, porém, acessibilidade no local.
Anualmente, romeiros de municípios vizinhos e até de Santa Catarina visitam o Santuário, principalmente, em maio, quando ocorre a Romaria à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.
Parque dos Botos - Nova Tramandaí
Contemplar o pôr do sol a partir da Lagoa das Custódias já é uma tradição entre os moradores de Nova Tramandaí, no Litoral Norte. Mas há um ponto específico que vem se tornando uma parada obrigatória aos que gostam de um momento de contemplação: o Parque dos Botos, que fica no bairro Aldeia da Lagoa.
O parque iniciou com a construção de uma pista de caminhada feita com taipas de restos de paralelepípedos numa área que havia sido um depósito de lixo e foi recuperada pelos próprios moradores. Raízes e troncos de árvores casuarinas retiradas da beira do mar se tornaram mirantes e floreiras para girassóis, bromélias e cactos. Até uma roda de bicicleta é atrativo aos que desejam guardar uma imagem emoldurada do sol se pondo na lagoa.
A praça fica em frente às casas do bairro e os moradores prezam pelo silêncio de quem frequenta a área. O objetivo ali é contemplar o espetáculo diário da natureza, como a própria reportagem fez no dia da visita e de um pôr do sol inesquecível. Para isso, há bancos construídos com restos de decks de piscina, de onde os visitantes costumam sorver um chimarrão enquanto se despendem de mais um dia.