O litoral gaúcho se destaca pela sua multiplicidade turística, além das facilidades de deslocamento, principalmente para quem sai da Região Metropolitana. É o que indica a guia turística e professora do curso de Turismo do Senac-RS Tamara Dias Corrêa, que complementa: as praias gaúchas têm atrativos naturais, de mar e lagoa, com também opções de trilhas e cachoeiras, além de diversas atividades associadas à cultura e à gastronomia.
Conforme salienta o secretário de Turismo do Rio Grande do Sul, Raphael Ayub, o Litoral Norte é o segundo colocado no valor adicionado bruto do PIB das Atividades Características do Turismo (ACTs), ficando somente atrás da Serra. Para estender a alta temporada, foi criado o projeto Litoral Norte nas Quatro Estações, com regionalização e integração dos 22 municípios que formam esta região turística.
— São vários eventos em potencial para desenvolver rotas turísticas. Não é só para o veraneio, como também para inserir o Litoral Norte nos pacotes das operadoras de turismo — frisa Ayub.
O projeto resultou em quatro perfis de turistas: aventureiro (adrenalina), relax (desconectar e fugir da rotina), gastronômico (novas experiências e sabores) e alternativo (fugir do óbvio). As ações visam focar em rotas gastronômicas e culturais, esportes náuticos e turismo de aventura/ecoturismo, rural, de negócios/eventos e religioso.
Torres
Muitas destas atividades já ocorrem, sendo uma delas bem na fronteira com Santa Catarina, em Torres, famosa pela praia da Guarita e pelo Festival Internacional de Balonismo — a edição 2023 será de 27 de abril a 1º de maio. Quem quer viver a experiência nas alturas pode fazer o passeio de balão, avistando paisagens, como os cânions, e até Cambará do Sul. O valor médio é de R$ 750 por pessoa, e a duração é de 40 a 45 minutos.
Segundo a turismóloga da Secretaria Municipal de Turismo de Torres Luciane de Carvalho Pereira, a praia continua se reinventando e oferecendo novos serviços e produtos turísticos. Uma opção é o Raízes de Torres-Turismo Rural, sendo possível elaborar um roteiro de arte ecológica, com visitas aos empreendimentos próximos da cidade.
Um pacote da agência Turismo Rural nos Cânions oferece serviços para a trilha da Itapeva, que envolve os sítios Menezes Casa de Campo, Nirvana e Butiazal São José. O valor é R$ 80 por adulto, com isenção para crianças de até cinco anos e meia entrada para as de cinco a 12 anos. É incluso o almoço e o café funcional, com uma proposta mais natural.
Já as aventuras pelas águas podem ser realizadas nos tradicionais passeios de catamarã, que ficam localizados próximo à ponte pênsil do Rio Mampituba, e que levam turistas para conhecer o Refúgio da Vida Silvestre na Ilha dos Lobos, uma reserva que não permite desembarque e que abriga lobos e leões marinhos. Quando o mar está muito agitado, os passeios de lancha podem ser feitos ao longo do Rio Mampituba conhecendo as ilhas e o interior.
— Além disso, a gastronomia pode ser apreciada pelos turistas tanto nos restaurantes de frutos do mar quanto nas deliciosas receitas e quitutes oferecidos nas propriedades do interior — frisa Luciane.
Capão da Canoa
Descendo mais um pouco, mas ainda no Litoral Norte, outro ponto bem frequentado é Capão da Canoa. Segundo salienta a professora do curso de Turismo do Senac-RS Tamara Dias Corrêa, esta é a praia com melhor infraestrutura e organização. Há muitos espaços de comércio, quiosques na orla e parques aquáticos, tudo isso aliado a uma vida gastronômica e noturna intensa e diversificada.
Se o interesse é explorar algo fora do mar, a indicação é o Parque Náutico. Com localização privilegiada, o ambiente fica às margens da Lagoa dos Quadros. É uma ótima opção para quem quer curtir a natureza, sendo possível ver belas paisagens e o pôr do sol. A praia é de água doce, com área demarcada por boias onde dão pé (possível para os pequenos desfrutarem), com guarda vidas e estacionamento. Também é possível praticar windsurfe, kitesurfe e stand up paddle no local. A entrada é gratuita.
Outra dica fora do mar é a Trilha das 10 Cachoeiras, que fica a 30 minutos de carro de Capão da Canoas, no balneário de Terra de Areia. Podendo ser realizada em um dia, são quedas de águas, corredeiras e vegetação de Mata Atlântica. Para fazer essa rota é necessário fazer com um guia autorizado.
Cassino
Com vida noturna, eventos culturais, como a Feira do Livro, e museus, Cassino, em Rio Grande, no Litoral Sul, também apresenta uma variada gastronomia, principalmente com os pescados: a anchova assada é uma das pedidas.
A professora do curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) Ligia Dalchiavon, comenta que os esportes náuticos são bem presentes:
— Há duas escolas de kitesurfe e stand up paddle para fazer aulas e alugar os equipamentos na beira da praia. Além disso, tem a pesca esportiva e amadora ao longo de a toda a orla.
Possivelmente em 2023, vai ser possível desfrutar do Ecoparque Turístico nos Molhes da Barra. O projeto visa fortalecer o potencial turístico do local, aliado à preservação ambiental, com espaço para os negócios da região e conta com apoio de oito entidades locais.
Aliás, os Molhes da Barra são característicos dos dois quebra-mares que avançam 4 quilômetros no oceano, sendo possível o passeio pelas vagonetas (veículo artesanal de operação manual que circula sobre trilhos, utilizadas na obra).
Barra do Chuí
Para concluir essa viagem pelo litoral do Estado, bem perto do Uruguai, está a praia da Barra do Chuí, que pertence ao município de Santa Vitória do Palmar. Com uma extensão de 152 quilômetros, é possível admirar e tirar fotos dos cinco faróis na extensão das areias, entre eles o Albardão e o Barra do Chuí.
O balneário possui opções de hospedagem em hotéis, pousadas e casas de aluguel, além de clubes sociais. Para curtir a natureza, as dicas são acompanhar os acúmulos de conchas ou passear de caiaque ou stand up paddle pela Lagoa Mirim. Para quem gosta da culinária uruguaia, os restaurantes servem pratos do país vizinho, como o chivito e a parrilla.
Por fim, se a ideia é ser mais aventureiro e conhecer todo o litoral Sul, a pedida é a Trilha Cassino — Barra do Chuí. Esta é a ponta sul da grande Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso, com uma extensão de 223 quilômetros, e o percurso costuma ser feito em média em sete dias, caminhando, no sentido norte-sul.
No caminho, estão 12 placas com informações e orientações sobre a trilha e o local, escritas em português e inglês, facilitando a compreensão de trilheiros que venham de outros países. Também foram colocados seis postes de sugestão de acampamento, além de descrição de distâncias percorridas.
Nessa trilha, são vários desafios: as características do solo, a exposição constante às severidades do meio, a ausência de abrigos naturais, de estruturas de apoio, saídas alternativas, sinal de telefone ou internet. É necessário um excelente preparo físico e um perfeito planejamento.
Um dos destaques é o Molhes da Laguna dos Patos, com seus 4,2 quilômetros de extensão, que constitui um verdadeiro monumento à engenharia. Construído entre 1909 e 1915, e utilizando mais de 4 milhões de toneladas de gigantescas rochas, segue sendo de fundamental importância à navegação e à economia da região. Além disso, constitui um refúgio da vida selvagem, abrigando uma importante colônia de leões marinhos.