Das pirâmides pouco conhecidas do deserto do Sudão às tribos isoladas na savana da Etiópia, o continente africano, berço da humanidade, é um lugar ainda a ser explorado. Em cada canto, há uma surpresa. As diversas crenças e religiões forjaram templos e locais com uma espiritualidade ímpar. Quem busca por destinos diferentes e próximos de paisagens naturais, também pode encontrar na Ásia lugares remotos capazes de proporcionar experiências incríveis e transformadoras.
O guia turístico Fernando Moreira, 38 anos, gaúcho que vive em Barcelona, conta que a procura por lugares desconhecidos e fora do roteiro tradicional (Estados Unidos-Europa) tem ganhado espaço. No início do ano, ele visitou Nepal, Camboja e Vietnã com uma turma de amigos.
— Ainda há uma resistência para viajar a estes lugares menos conhecidos. Na África, muita gente ainda só viaja para ir em safáris ou conhecer destinos já badalados, como Cidade do Cabo (África do Sul), Cairo (Egito) e Casablanca (Marrocos). Mas para quem gosta de viajar, são os lugares mais desconhecidos os que vão surpreender — conta.
Camila Grellman, da Fan Turismo, explica que depois da pandemia o turismo começou a ser redescoberto e, com isso, lugares ainda não explorados são cada vez mais ofertados pelas agências de viagens:
— Temos trabalhado com muitas agências que estão diversificando a oferta de destinos.
Para se ter uma ideia da predominância ocidental na preferência dos turistas, dos 10 países mais visitados do mundo, segundo pesquisa da World Study em 2021, apenas três ficam na Ásia (China, Turquia, que tem uma parte europeia, e Tailândia) e nenhum no continente africano.
Etiópia
A Etiópia, no norte da África, não costuma ser um destino turístico disputado. Sua natureza exuberante e sua história milenar apresentam tesouros que encantam o turista com o olhar mais curioso. Uma dica é a cidade de Lalibela, distante cerca de 600 quilômetros da capital, Addis Ababa. Quem chega ao local se impressiona com a engenhosidade de uma cidadela escavada no século 12 em uma rocha bruta no alto de uma montanha a mais de 1,5 mil metros de altitude.
As igrejas esculpidas na rocha de Lalibela reúnem um conjunto de 11 imponentes templos e um mosteiro. Esculpidas com profundidade de até 40 metros, tinham como objetivo abrigar cristãos em um período marcado por violentas guerras religiosas.
Já na fronteira com o Quênia e o Sudão, encontra-se o Omo Valley (Vale do Omo), lugar com maior diversidade de tribos antigas da Etiópia e um dos locais mais selvagens da África. É ponto de parada para conhecer e se conectar com as tradições e costumes da região, onde vive o povo mursi, isolados e são conhecidos por usarem placas labiais e pinturas no corpo.
Pirâmides de Meroë (Sudão)
Os viajantes menos desavisados podem até duvidar, mas é no Sudão, no norte da África, que se encontra o conjunto com o maior número de pirâmides do mundo. São cerca de 200 monumentos, o dobro da quantidade encontrada no vizinho Egito. Apesar de não terem a fama das construções egípcias, as Pirâmides de Moroë, na região de Núbia — local de encontro da cultura da África negra com o Egito —, eram o lugar de descanso dos Faraós Negros.
Feitas com granito e arenito, as pirâmides sudanesas têm entre seis e 30 metros de altura, pequenas se comparadas com os 139 metros da famosa Gizé, no Egito. Apesar disso, apresentam inclinações mais acentuadas. Em seu interior, é possível encontrar ainda ilustrações feitas há centenas de anos. O local fica a cerca de 240 quilômetros da capital Cartum. Um passeio noturno é considerado o ápice da viagem.
Ninho do Tigre (Butão)
O Butão é um dos países menos visitados no mundo. Por isso, para conhecê-lo é preciso força de vontade. Primeiro, é necessário contratar uma agência de turismo local, pois são somente elas que conseguem agilizar o acesso ao país, que é considerado um dos mais seguros.
A maioria das pessoas que moram em Butão são trabalhadores que vivem da terra. Durante séculos, o país viveu isolado do restante do planeta, o que ajudou a preservar as tradições. Encravado aos pés da Cordilheira do Himalaia, o pequeno reino budista é constituído por mosteiros. É indicado para quem gosta de trilhas pelas montanhas e para quem quer conhecer de perto uma sociedade que parece ter parado no tempo. O mosteiro de Taktsang (Ninho do Tigre) é um dos pontos altos da viagem ao país. São 900 metros de subida até o templo.
É possível conhecer a história de Butão através de apresentações culturais artísticas a céu aberto e na Biblioteca Nacional, em Thimphu, capital do país.
Anuradhapura (Sri Lanka)
A cidade de Anuradhapura, no Sri Lanka, é um dos lugares mais misteriosos do continente asiático. Reconhecida como Patrimônio Mundial da Unesco, ela é forjada pela cultura budista, reúne monumentos e estátuas gigantes que celebram a religião e que a tornam conhecida como a Cidade Sagrada.
Mas paralelamente a toda esta religiosidade, outros fatos instigantes chamam a atenção dos turistas. Em um antigo parque, o Ranmasu Uyana, cercado por três templos budistas, existe um mapa que desvendaria os segredos do universo. O Sakwala Chakraya (Ciclo do Universo) foi esculpido em uma rocha entre as ruínas do parque há centenas de anos. Com todo este mistério e magia, o destino é indicado para quem gosta de aventura e misticismo em sua viagem. E quem sabe o forasteiro volte para casa com a resposta que muitos gostariam de ter.