Após sete meses com as fronteiras fechadas, o governo da Argentina liberou, na última sexta-feira (30), a entrada de turistas de países vizinhos – dentre eles, do Brasil. A viagem será permitida apenas de avião, via Aeroporto de Internacional Ministro Pistarini, localizado na cidade de Ezeiza, na Grande Buenos Aires. Não será preciso realizar quarentena.
A expectativa é de que 50 mil brasileiros visitem o país entre novembro e dezembro, além de um número um pouco menor de uruguaios e chilenos, informou o jornal La Nación. Neste momento, o governo permitirá que estrangeiros fiquem apenas na Grande Buenos Aires, sem viajar para outras regiões.
Será necessário apresentar à companhia aérea seguro médico que cubra atendimento por coronavírus, declaração legal preenchida eletronicamente 48 horas antes do embarque e resultado de exame PCR negativo realizado até 72 horas antes da chegada a Buenos Aires – o governo portenho ainda avalia exigir outro exame em solo argentino, como forma de evitar que o turista cumpra quarentena.
O país, por enquanto, não abrirá as fronteiras para países europeus. O foco é em nações vizinhas para avaliar o impacto do recebimento de turistas na epidemia local – no documento oficial publicado na quinta-feira (29) que estipula as regras para a entrada de estrangeiros, o governo argentino chama a medida de "prova-piloto". As fronteiras terrestres seguirão fechadas, portanto não é possível viajar de carro ou ônibus. Uruguaios poderão chegar a Buenos Aires pelos barcos que atravessam o Rio da Prata.
Na Argentina, o uso de máscaras ao ar livre é obrigatório e estão em vigor medidas de distanciamento parecidas com as aplicadas no Rio Grande do Sul. Em Buenos Aires, bares e restaurantes podem receber pessoas até 25% de lotação ou na calçada, sem buffet, sendo que clientes podem ficar no máximo 1h30min. Lojas e shoppings já abriram – e museus podem receber pessoas com agendamento prévio. Reuniões entre amigos e núcleos familiares diferentes estão proibidas.
O ministro de Turismo e Esportes, Matías Lammens, afirmou em entrevista ao jornal La Nación que a abertura das fronteiras foi tomada pelo impacto da pandemia no setor turístico. A abertura das fronteiras áreas, e não terrestres, servirá para mostrar ao governo argentino qual é o fluxo de turistas interessado em visitar o país.
O governo uruguaio desaconselhou cidadãos a visitar a Argentina em meio à escalada de casos no país portenho, que era modelo de combate à covid na América Latina, mas viu a situação piorar nas últimas semanas a ponto de se tornar o sétimo país com mais casos no mundo – são mais de 1 milhão de infecções e 31 mil mortes. A curva epidêmica está caindo em Buenos Aires, porém ainda se mantém em patamares altos, reconhece o próprio governo.
O epicentro da epidemia saiu de Buenos Aires e agora se foca no Interior. Médicos reclamam que o país testa pouco a população e afirmam que argentinos estão cansados da rígida quarentena, que segue até 8 de novembro, uma das mais longas do mundo.